São Paulo, sábado, 04 de julho de 2009

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Palin surpreende com renúncia no Alasca

Decisão de ex-candidata a vice alimenta especulações sobre suposta intenção de concorrer à Casa Branca nas eleições de 2012

Para analistas, aposta é arriscada; governadora, que ganhou notoriedade ao ser escolhida por McCain, diz sair para "lutar pelo Estado"

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

A governadora do Estado do Alasca, Sarah Palin, anunciou ontem que renunciará ao cargo até o fim deste mês, em entrevista concedida em casa, em Wasilla, acompanhada do marido e de outros familiares. Palin anunciou também que não deverá concorrer à reeleição para governadora em 2010.
A medida alimentou especulações quanto à possibilidade de Palin concorrer à Presidência em 2012 pelo Partido Republicano. Analistas dizem que a decisão, anunciada na véspera do feriado da Independência dos EUA, é aposta arriscada.
De um lado, sem as obrigações do cargo de governadora, Palin terá mais liberdade e tempo livre para viajar e fazer campanha pelo país. De outro, corre o risco de se afastar do noticiário e compromete um dos pontos que mais defendeu, a prioridade ao seu Estado.
"Pessoas que me conhecem sabem que, além da religião e da família, nada é mais importante para mim do que o nosso querido Alasca", disse. O substituto assume em 26 de julho.
Em um primeiro momento, Palin deve se dedicar a escrever um livro sobre sua vida. No mês passado, ela assinou contrato com a News Corp's HarperCollins. O livro sai em 2010.
"Já vimos muito comportamento maluco de governadores e líderes republicanos nos últimos meses, mas esse está no topo da lista", disse John Weaver, amigo de longa data e confidente do senador John McCain, ao jornal "Wall Street Journal".
Ao site Politico amigos da governadora disseram que ela pretende conceder uma série de palestras pagas e aparecer em eventos para levantar fundos para o partido. O substituto, Sean Parnell, se limitou a dizer à TV CNN que Palin estava deixando um grande legado como governadora do Alasca.
Sem responder perguntas, Palin afirmou que a decisão foi tomada após muita reflexão e que não gostaria de desapontar ninguém com o anúncio. Jogadora de basquete nos tempos de colégio, Palin usou uma metáfora esportiva para justificar a mudança, dizendo que sabe "exatamente quando passar a bola para que o time vença".
"Pretendo ajudar os outros a lutar pelo nosso Estado e pelo nosso país e fazer campanha por aqueles que acreditam em um papel menor do governo, livre iniciativa, segurança nacional forte, apoio para nossas tropas e independência energética", afirma no pronunciamento lido durante a entrevista.

Campanha em 2008
Palin ganhou notoriedade no ano passado quando foi escolhida como uma espécie de trunfo do candidato republicano John McCain para concorrer como vice-presidente na chapa. O estilo próprio e marcante e as inúmeras gafes cometidas na campanha fizeram dela uma figura polêmica.
Palin é a primeira mulher a governar o Alasca. Sua experiência prévia na política incluía apenas uma gestão como prefeita de Wasilla, cidade com cerca de 10 mil habitantes.
Durante a campanha, Palin foi criticada pela falta de conhecimento em política externa e economia. Sua participação atraiu a ala do eleitorado republicano que não se identificava com McCain e seu perfil conservador e hábil no palanque, mas também despertou a animosidade de quem via nela uma figura sem passado político e com sinais de despreparo.
Até mesmo a mudança de visual da candidata foi alvo de debate. O partido gastou US$ 150 mil para criar a imagem de conservadora moderna, com terninhos coloridos e cabelos presos. Na época, os gastos com roupas foram alvo de crítica diante da crise econômica.
Sua performance na campanha também rendeu farto material para humor. O vídeo da imitação da candidata pela atriz Tina Fey foi visto quase 9 milhões de vezes no Youtube. Ela foi ainda satirizada em um videoclipe do cantor Eminem.
O último levantamento da CNN mostra Palin em segundo lugar na preferência para o cargo de candidata republicana em 2012, com 21%. O primeiro é Mike Huckabee, ex-governador do Arkansas, com 22%.


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