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Após início polêmico, viagem termina em sucesso
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
de Washington
A viagem do presidente Bill Clinton, que começara em meio a
grande controvérsia, acabou como um sucesso para ele, pelo menos em termos de política interna.
Mesmo os mais ferinos críticos
do presidente norte-americano reconhecem que ele foi habilidoso,
mas firme na defesa dos direitos
humanos em discursos na China.
Líderes da oposição, que tinham
esperança de explorar na campanha eleitoral de novembro (quando se renovam um terço do Senado e toda a Câmara federal) eventuais gafes de Clinton, admitem
que o tema não vai ajudá-los.
No que se refere a resultados
concretos, como se previa, a excursão foi improdutiva. Nenhum
grande acordo, nem na área comercial nem no setor nuclear, foi
fechado por Clinton na China.
Mas isso não parece ter incomodado muito os principais atores da
política norte-americana. O que
mais interessava a todos era como
Clinton se comportaria em relação
ao tema do respeito aos direitos
humanos.
Graças, em parte, à boa vontade
do governo chinês, o presidente
pode voltar para casa com relevantes resultados para mostrar.
O fato de sua entrevista coletiva
ter sido mostrada ao vivo e sem
censura para a população chinesa
(ainda que sem anúncio prévio e
em horário de trabalho) foi um
ponto importante para Clinton.
"Eu acho que o presidente fez
um excelente trabalho ao falar para a TV e para a rádio chinesa",
disse o mais importante líder da
oposição, o presidente da Câmara,
Newt Gingrich, que havia solicitado formalmente que Clinton não
participasse da cerimônia oficial
de recepção em Pequim, na praça
Tiananmen (Paz Celestial), cenário da sangrenta repressão a manifestações estudantis pró-democracia, em 1989.
As denúncias de que o governo
chinês tentou influenciar, com
contribuições financeiras para o
Partido Democrata (de Clinton), a
campanha eleitoral de 1996 não
chegaram a merecer muito destaque na viagem. Os líderes chineses
negaram as acusações. Clinton
disse que acredita neles. Por enquanto, o tema foi arquivado.
Clinton também melhorou sua
imagem pessoal junto ao público
norte-americano com a viagem à
China. Ele apareceu com destaque
na TV todas as noites sem ser importunado com questões sobre as
investigações do promotor independente Kenneth Starr.
Ele pareceu descontraído e alegre, ao lado da mulher e da filha,
nos trechos turísticos da programação e firme e decidido nas cerimônias públicas de Estado.
Na última entrevista coletiva que
Clinton deu em solo chinês, um
jornalista norte-americano lhe
perguntou se ele se arrependia das
críticas duras que fizera ao então
presidente George Bush na campanha de 1992 pelo que dizia ser
uma política fraca com a China.
"Na Casa Branca (sede do governo norte-americano), a gente
passa a ter uma perspectiva diferente das coisas", disse Clinton,
sem se desculpar pelo passado.
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