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CAXEMIRA
Pela primeira vez, governo de Nova Déli dialoga com principal grupo islâmico da região, que adota cessar-fogo
Índia e separatistas iniciam negociações
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
O governo da Índia e o principal
grupo separatista muçulmano da
Caxemira, o Hizbul Mujahideen,
iniciaram ontem negociações de
paz. As duas partes anunciaram
um cessar-fogo.
Essa é a primeira vez que Nova
Déli dialoga com os rebeldes desde o início de sua insurgência, em
1989, na região de população majoritariamente muçulmana.
O encontro, realizado na cidade
de Srinagar, ocorreu menos de 48
horas depois de uma ofensiva
guerrilheira ter deixado pelo menos 90 mortos no Estado indiano
de Jammu e Caxemira.
Segundo a Índia, os atentados
foram promovidos por grupos islâmicos -apoiados pelo Paquistão- contrários à decisão do
Hizbul Mujahideen de negociar.
O premiê indiano, Atal Behari
Vajpayee, que foi à Caxemira
prestar condolências a familiares
de vítimas da ação terrorista, fez
um chamado para que todos os
grupos armados da região participem do processo de paz.
"Eu convido todos eles para
conversar. Armas não vão ajudar.
Estendemos nossa mão, e eles devem segurá-la", declarou.
Apesar do início do diálogo
com o principal grupo rebelde,
continuam os combates entre o
Exército indiano e militantes de
outras organizações. Pelo menos
11 pessoas morreram (entre eles
dez separatistas) ontem.
Em Srinagar, os negociadores
indianos conversaram durante 70
minutos com quatro comandantes guerrilheiros, dois dos quais
chegaram ao local da reunião
usando máscaras.
As partes concordaram em estabelecer duas comissões, de seis
pessoas cada, que vão tentar elaborar um tratado de cessar-fogo.
Pouco antes do encontro, porém, o Hizbul Mujahideen ameaçou voltar à luta armada na próxima terça-feira se o governo indiano não aceitar a participação do
Paquistão nas negociações de paz.
Nova Déli rejeita essa proposta.
Índia e Paquistão têm disputas
territoriais na Caxemira e já travaram guerras por causa de suas divergências nessa região (leia texto
ao lado).
O governo paquistanês é acusado pela Índia de armar e treinar os
grupos separatistas muçulmanos
que atuam na porção indiana da
Caxemira.
O premiê indiano acusou o país
vizinho de ser o responsável pelos
massacres cometidos esta semana. Segundo ele, os ataques foram
organizados pelo grupo Lashkar-e-Taiba, baseado no Paquistão.
O líder paquistanês, general
Pervez Musharraf, nega o envolvimento de seu país nos últimos
atentados. Ele pediu à Índia que o
diálogo em relação à Caxemira
prossiga.
Em Nova Déli, a polícia teve de
usar jatos d'água e gás lacrimogêneo para conter cerca de 500 ativistas do Conselho Mundial Hindu. Eles protestavam nas ruas
contra os separatistas islâmicos.
Os manifestantes, que acusavam Islamabad pelas mortes que
chocaram a Índia, foram impedidos de prosseguir em passeata rumo ao Alto Comissariado do Paquistão na capital indiana.
A Índia anunciou ontem ter
matado quatro soldados do Paquistão próximo à linha que divide a Caxemira entre os dois países. A informação não foi confirmada pelo governo de Islamabad.
Um oficial do Exército disse que
dois soldados paquistaneses foram baleados quando avançavam
na direção de um posto militar indiano perto de Nowshehra.
"Nossas tropas perceberam alguma movimentação ao longo da
Linha de Controle e viram um
grupo de soldados paquistaneses
avançando na direção de sua base. Na troca de tiros, dois soldados
paquistaneses morreram. Seus
corpos foram arrastados por seus
companheiros em retirada", disse
o militar indiano.
Segundo ele, outros dois soldados inimigos foram mortos na
mesma região ao serem atingidos
por disparos de artilharia.
Trocas de tiros e disparos de artilharia ocorrem com certa frequência ao longo dos 720 km da
Linha de Controle, que separa a
Índia do Paquistão na região da
Caxemira.
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