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EUA
Empresário é acusado de fraude com ações que causou prejuízo de US$ 25 milhões na Bolsa e aponta perseguição política
PF prende americano suspeito de fraude
ALESSANDRO SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal prendeu ontem em São Paulo um empresário
americano acusado de envolvimento em uma fraude com ações
que causou prejuízo de US$ 25
milhões a investidores da Bolsa de
Valores de Nova York.
Peter Franklin Paul, 52, era procurado no país havia 16 dias, desde que o STF (Supremo Tribunal
Federal) decretou sua prisão preventiva a pedido dos EUA.
O empresário foi detido em um
hotel de luxo na região dos Jardins, zona oeste da capital. Com
ele, estavam sua mulher e dois filhos. Paul usou nome falso ao se
hospedar, segundo a PF.
O governo americano o acusa
de ter inflado artificialmente o
preço de ações de sua empresa do
ramo de internet, por meio de
empréstimos. Depois, teria faturado com a venda dos títulos a
preço acima do compatível com o
mercado. Em dezembro do ano
passado, o golpe foi descoberto
quando as ações estavam se desvalorizando e seus compradores
contabilizavam os prejuízos.
Nessa época, Paul havia saído
dos EUA com destino ao Brasil,
onde permaneceu com visto de
turista. Desde 96, dizem os advogados, ele tem negócios no país,
na área de internet e informática,
estimados em R$ 1 milhão.
O empresário disse ontem que
está sendo perseguido politicamente nos EUA e, por isso, não
quer retornar ao país.
Em junho deste ano, ele entrou
com ação contra a ex-primeira-dama e atual senadora Hillary
Clinton, alegando que ela não
prestou contas dos US$ 2 milhões
que recebeu dele durante a campanha ao Senado. "Fui induzido a
contribuir, e, depois, negaram as
contribuições. É tudo político."
Paul foi levado ontem à noite
para a carceragem da Polícia Federal em São Paulo, de onde deve
ser transferido para Brasília.
O STF irá decidir se aceita ou
não o pedido de extradição feito
pelo governo americano. "Vamos
argumentar para que ele fique no
Brasil para se defender das acusações, porque ele se sente mais seguro aqui", disse o advogado de
Paul no Brasil, Francisco Hermano Pereira Lima, 55.
Sobre as acusações de fraude na
Bolsa, o empresário afirmou que
"o mínimo lucro que teria não valeria a pena com as ações [judiciais" que sofreria depois".
Para seus advogados, a queda
nas ações das empresas de internet explica o prejuízo.
Não é a primeira vez que Paul
tem problemas com a Justiça. No
final dos anos 70, ele ficou três
anos preso por ter jogado no mar
uma carga de café para receber o
dinheiro do seguro. Sua empresa
de exportação, no caso, chegou a
ter como sócio o governo cubano.
O empresário é conhecido das
colunas sociais americanas. Representou artistas como Salvador
Dali (1904-1989) e Andy Warhol
(1928-1987). Em 99, ele se associou ao quadrinista Stan Lee, ex-Marvel Comics.
A senadora Hillary Clinton, logo que a ação de Paul veio a público, disse que não se lembrava de
ter encontrado com o empresário
alguma vez em sua vida. Afirmou
que não comentaria as acusações
porque a ONG de direita Judicial
Watch estava por trás delas.
A partir do segundo ano e durante todo o resto do governo
Clinton (1992-2000), o grupo
abriu dezenas de ações contra o
ex-presidente, a primeira-dama e
membros de sua administração.
Procurados pela Folha ontem à
tarde, tanto o escritório de Bill
Clinton quanto o da senadora em
Washington e Nova York não responderam às ligações.
Colaborou SÉRGIO DÁVILA, de Nova York
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