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Embaixador britânico vê guerra civil no Iraque
Memorando confidencial diz que divisão do país é mais provável que democracia
Opinião é compartilhada por comandante das forças americanas no Oriente Médio; Rumsfeld diz ser contra retirada "prematura"
DA REDAÇÃO
O Iraque está mais próximo
de uma guerra civil do que de se
tornar uma democracia, concluiu o embaixador britânico
William Patey em memorando
confidencial enviado ao primeiro-ministro Tony Blair, que
veio à tona ontem.
"A perspectiva de uma guerra
civil de baixa intensidade e de
uma divisão de fato do Iraque é
mais provável neste estágio que
uma transição de sucesso a
uma democracia estável", afirmou. O Reino Unido fez parte
da coalizão que participou da
invasão do Iraque ao lado dos
EUA, em 2003, e tem cerca de
7.000 soldados no país.
Segundo o embaixador, a situação não é incontrolável, mas
será "confusa e difícil" pelos
próximos dez anos. A opinião
consta do relatório final de Patey, que está deixando o Iraque,
e é compartilhada pelo comandante das forças americanas no
Oriente Médio, general John
Abizaid, que afirmou ao Senado
dos EUA que haverá uma guerra civil caso a atual violência
sectária não seja debelada.
Abizaid disse que a disputa
em Bagdá está num estágio "decisivo". "Está claro que a situação operacional e tática em
Bagdá chegou a um ponto que
requer forças de segurança adicionais, tanto dos EUA quanto
do Iraque." Na última semana,
os EUA decidiram deslocar
3.700 soldados de Mosul, no
norte do Iraque, para a capital,
devido à gravidade da situação
em Bagdá, tomada por milícias
armadas xiitas e sunitas.
O general Peter Pace, chefe-de-gabinete adjunto, demonstrou a mesma preocupação de
Abizaid, dizendo, porém, que
entrar numa guerra civil ou evitá-la depende dos iraquianos.
"Há a possibilidade de que a situação se desenvolva para uma
guerra civil.". O pessimismo
dos generais e do embaixador é
condizente com declaração do
secretário de Defesa dos EUA,
Donald Rumsfeld, que se posicionou contra a retirada das
tropas "prematuramente".
Nos EUA, é crescente a insatisfação com a presença no Iraque -há cerca de 130 mil soldados no país, e a escalada da violência pôs por terra a expectativa de um retorno próximo. No
ano passado, o general George
Casey, comandante das forças
no Iraque, dissera esperar uma
redução significativa do número de soldados neste ano.
O quadro descrito pelo embaixador britânico não fez
Tony Blair mudar sua opinião
sobre a guerra. Segundo ele, o
relatório corrobora sua crença
de que os países ocidentais têm
papel fundamental na luta contra o extremismo. Ele foi recebido com fortes críticas na volta de sua visita aos EUA -onde
foi discutir o conflito com o
presidente George W. Bush-,
por não ter exigido um cessar-fogo imediato no Líbano, na
contra-mão de outros países.
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