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CPI francesa investigará acordo com Líbia
Com apoio de Sarkozy, Parlamento vai apurar se soltura de enfermeiras búlgaras envolveu venda de armas pela França
Governo francês nega que acordo sobre material bélico seja contrapartida para que Trípoli soltasse acusados de contaminar crianças líbias
DA REDAÇÃO
A Assembléia Nacional da
França deve criar uma comissão parlamentar de inquérito
para investigar se um acordo de
venda de armas e equipamentos de segurança para a Líbia
está vinculado à libertação de
cinco enfermeiras búlgaras e
um médico palestino que estavam presos no país africano.
A criação da CPI, solicitada
pelo presidente da Assembléia,
Bernard Accoyer, atende a um
pedido que a oposição socialista ao governo do presidente Nicolas Sarkozy já vinha fazendo
desde que se descobriu o negócio da venda de material bélico,
que inclui mísseis antitanque.
Tanto Accoyer, pertencente
ao bloco majoritário do Parlamento, pró-Sarkozy, como o
próprio presidente manifestaram seu apoio à iniciativa.
A pressão pelas investigações
começou na quarta passada,
quando Seif al Islam, filho do
ditador líbio, Muammar Gaddafi, deu detalhes sobre a negociação para a soltura do grupo.
Os seis estavam presos havia
oito anos e foram condenados à
morte, sob acusação de haverem contaminado mais de 426
crianças com o HIV -segundo
especialistas, a infecção ocorreu devido à falta de higiene do
hospital líbio.
Junto com a União Européia,
a França intermediou as negociações para a libertação e, durante o processo, Sarkozy reativou um acordo nuclear de 2006
pelo qual Paris venderá a Trípoli reatores nucleares para a
produção de eletricidade (veja
quadro abaixo).
Entretanto, segundo disse Islam em entrevista ao jornal "Le
Monde", o contrato de compra
de material bélico foi incluído
no acordo para a soltura dos
búlgaros.
Ato contínuo, o governo
francês desmentiu Islam.
Mas ontem admitiu a existência do contrato da venda das
armas, embora negue que ele
tenha sido parte do acordo de
libertação dos médicos. Segundo o Ministério da Defesa da
França, a venda já estava sendo
discutida "havia meses". Falta
apenas a assinatura da Líbia para o fechamento do negócio,
que segundo fonte do país é de
cerca de US$ 400 milhões.
Primeiro contrato
"Como podemos tolerar, numa democracia, que uma venda
de armas seja anunciada pelo
filho do Gaddafi?", protestou
então François Hollande, secretário-geral do Partido Socialista francês. O ditador líbio era,
até poucos anos, considerado
um patrocinador do terrorismo
e um pária no Ocidente.
Ontem o Ministério da Defesa declarou que a venda das armas foi autorizada em fevereiro, três meses antes de Sarkozy
ser eleito, insistindo que não há
relação entre o caso dos médicos e o contrato, a ser firmado
entre as subsidiárias francesas
da européia EADS e Trípoli.
O contrato é o primeiro para
compra e venda de armas entre
a Líbia e um país europeu desde
2004, quando a UE suspendeu
sanções que vigoravam contra
o país de Gaddafi desde 1990.
Trípoli começou a se reaproximar dos governos ocidentais
em 2003, quando Gaddafi
anunciou que abria mão de
manter armas de destruição
em massa.
Com agências internacionais
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