São Paulo, quinta-feira, 04 de agosto de 2011

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Em jaula, ex-ditador egípcio vai a julgamento

Deitado em maca, Hosni Mubarak, 83, negou acusações de corrupção e responsabilidade pela morte de manifestantes

Defesa afirma que o ex-líder egípcio sofre de câncer; uso de jaulas é procedimento comum em cortes penais no país

TV estatal egípcia/Associated Press
Em maca e numa jaula, o ex-presidente do Egito Hosni Mubarak, 83, é julgado no Cairo

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

A cena que poucos no Egito imaginavam ser possível até poucos meses atrás se materializou ontem diante de milhões de pessoas hipnotizadas diante da TV: o ex-ditador Hosni Mubarak, 83, numa jaula, no banco dos réus.
Deitado numa maca devido a problemas de saúde que o mantêm sob intenso cuidado médico desde sua renúncia, em fevereiro, Mubarak ouviu o juiz enunciar as acusações: corrupção e responsabilidade pelas mortes de centenas de manifestantes.
Ele alegou inocência. "Nego categoricamente todas as acusações", disse, dentro da jaula de ferro montada para ele e mais nove réus -procedimento padrão no Egito adotado inclusive durante seu regime (de 1980 até ser deposto por uma revolução popular em fevereiro).
Transmitido ao vivo, foi um momento de catarse que os egípcios esperavam desde os protestos mais emblemáticos da onda de levantes pró-democracia no mundo árabe.
Além de Mubarak, estão sendo julgados seus dois filhos, Gamal e Alaa -por corrupção- o ex-ministro do Interior Habib al-Adly e seis membros das forças de segurança -pela violência que matou 800 manifestantes.
O "julgamento do século", como está sendo chamado no mundo árabe, começou sob intensa segurança, mas isso não impediu explosões de violência do lado de fora, entre opositores e simpatizantes do ex-ditador.
Até o último momento, muitos no Egito ainda achavam que um recurso livraria do julgamento o ditador que controlou o Egito com mão de ferro por três décadas.
Apenas 600 pessoas receberam autorização para estar no tribunal, entre elas parentes de manifestantes mortos em fevereiro e quase cem advogados de vítimas.
A defesa de Mubarak apresentou uma lista com mais de 1.600 pessoas que pretende convocar como testemunhas. Entre elas, o marechal Mohamed Hussein Tantawi, chefe da junta militar que governa interinamente o país.
Após cinco horas de deliberações, o juiz adiou o julgamento para 15 de agosto, ordenando que ele fique num hospital militar e seja examinado por um oncologista.
Segundo o advogado do ex-ditador, ele sofre de câncer de abdome, mas a informação até agora não teve confirmação independente.


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