|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ALEMANHA
Social-democratas, que vinham atrás nas enquetes havia meses, confirmam tendência positiva a três semanas do pleito
Partido de Schröder empata com oposição, diz pesquisa
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
Mantendo a tendência positiva
das últimas semanas, o Partido
Social-Democrata (SPD), do
chanceler (premiê) alemão, Gerhard Schröder, subiu um ponto
percentual e empatou com a
aliança do principal candidato
oposicionista, o conservador Edmund Stoiber, pela primeira vez
em oito meses, de acordo com
pesquisa eleitoral realizada pelo
conceituado Instituto Forsa.
O resultado dessa enquete, divulgado ontem pela rede de TV
RTL e pela revista "Stern", confirma a recuperação dos social-democratas (centro-esquerda) a
pouco menos de três semanas do
pleito legislativo, que será realizado em 22 de outubro. Há um mês,
a diferença entre os dois principais concorrentes ao posto de
chanceler oscilava entre cinco e
nove pontos percentuais.
Em parte, Schröder deve esse
novo alento às terríveis inundações que atingiram o leste e parte
do sul da Alemanha recentemente. "Indubitavelmente, o modo
como Schröder administrou a crise gerada pela catástrofe natural
foi muito bem-visto pela população, sobretudo na extinta Alemanha Oriental", afirmou à Folha
Manfred Nitsch, especialista em
economia política da Universidade Livre de Berlim.
"Contudo há outros fatores que
contribuem para a melhora do
SPD nas pesquisas de intenção de
voto. O fato de Schröder ser o chefe do governo lhe proporciona
uma ótima oportunidade de ajudar os mais necessitados, o que,
logicamente, também é lucrativo
eleitoralmente. Ademais, ele aparece muito bem na TV, dando a
impressão de que realmente se
preocupa com os males que afligem os alemães", acrescentou.
A enquete apontou 39% das intenções de voto para o SPD e para
a aliança de Stoiber, formada pela
União Democrata Cristã (CDU) e
pela União Social Cristã (CSU).
Todavia, diferentemente do partido de Schröder, a aliança do governador da Baviera perdeu um
ponto percentual, confirmando
sua recente tendência de queda.
A pesquisa -em que 3.000 eleitores foram entrevistados- foi
realizada na última semana de
agosto e teve margem de erro de
dois pontos percentuais, para cima ou para baixo.
Stoiber, por sua vez, revelou ontem seu plano de reforma do federalismo alemão, visando a "reduzir drasticamente os níveis de burocracia" do país. Na fase final da
campanha, ele concentra seu esforço na questão do desemprego,
que atinge mais de 4 milhões de
pessoas (cerca de 10% da mão-de-obra ativa de que dispõe a Alemanha). Trata-se do ponto mais vulnerável do atual chanceler, que
não conseguiu cumprir sua promessa de diminuir o número de
desempregados para 3,5 milhões
em quatro anos.
"É natural que Stoiber ataque o
desemprego, pois o balanço do
atual governo não é dos melhores
nessa área. E isso deverá intensificar-se nas próximas semanas, já
que a solução encontrada por
Schröder para financiar os esforços de reconstrução das regiões
atingidas pelas inundações foi
adiar a segunda parte da reforma
fiscal, que beneficiaria o setor
produtivo", explicou Nitsch.
"Com isso, Stoiber aposta tudo
em sua retórica pró-negócios. Isso pode atrair parte do eleitorado
que se encontra sem emprego,
além, é claro, de agradar ao empresariado. Contudo o simples fato de que ele é contrário à maioria
das medidas defendidas pelos sindicatos tende a custar-lhe muitos
votos. Uma coisa é certa: é impossível arriscar um prognóstico."
A enquete do Forsa também
mostrou que os Verdes, que fazem parte da coalizão governamental de Schröder, se mantiveram estáveis -com 7% das intenções. O mesmo ocorreu com o
FDP (Partido Democrático Liberal), que continuou com 8%.
Iraque
Num país de tradição pacifista desde o final da Segunda Guerra Mundial, outro aspecto que joga a favor dos social-democratas é a determinação de Schröder no que se refere a opor-se a uma ofensiva militar unilateral dos EUA para
depor o ditador iraquiano, Saddam Hussein. Há semanas, os social-democratas insistem em que qualquer ação nesse sentido deverá ter a anuência da ONU.
"Os alemães não são antiamericanos, mas não apóiam um ataque unilateral ao Iraque. Schröder ganhou pontos com isso, pois Stoiber demorou a pronunciar-se
a esse respeito e, quando quebrou o silêncio, repetiu o que já tinha
dito o chanceler. Assim, sua atitude foi malvista por parte do eleitorado", indicou Nitsch.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Oriente Médio: Israel vai expulsar parentes de terrorista Próximo Texto: Panorâmica - Venezuela: Generais são investigados por golpe de abril Índice
|