São Paulo, quarta-feira, 04 de setembro de 2002

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ALEMANHA

Social-democratas, que vinham atrás nas enquetes havia meses, confirmam tendência positiva a três semanas do pleito

Partido de Schröder empata com oposição, diz pesquisa

MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO

Mantendo a tendência positiva das últimas semanas, o Partido Social-Democrata (SPD), do chanceler (premiê) alemão, Gerhard Schröder, subiu um ponto percentual e empatou com a aliança do principal candidato oposicionista, o conservador Edmund Stoiber, pela primeira vez em oito meses, de acordo com pesquisa eleitoral realizada pelo conceituado Instituto Forsa.
O resultado dessa enquete, divulgado ontem pela rede de TV RTL e pela revista "Stern", confirma a recuperação dos social-democratas (centro-esquerda) a pouco menos de três semanas do pleito legislativo, que será realizado em 22 de outubro. Há um mês, a diferença entre os dois principais concorrentes ao posto de chanceler oscilava entre cinco e nove pontos percentuais.
Em parte, Schröder deve esse novo alento às terríveis inundações que atingiram o leste e parte do sul da Alemanha recentemente. "Indubitavelmente, o modo como Schröder administrou a crise gerada pela catástrofe natural foi muito bem-visto pela população, sobretudo na extinta Alemanha Oriental", afirmou à Folha Manfred Nitsch, especialista em economia política da Universidade Livre de Berlim.
"Contudo há outros fatores que contribuem para a melhora do SPD nas pesquisas de intenção de voto. O fato de Schröder ser o chefe do governo lhe proporciona uma ótima oportunidade de ajudar os mais necessitados, o que, logicamente, também é lucrativo eleitoralmente. Ademais, ele aparece muito bem na TV, dando a impressão de que realmente se preocupa com os males que afligem os alemães", acrescentou.
A enquete apontou 39% das intenções de voto para o SPD e para a aliança de Stoiber, formada pela União Democrata Cristã (CDU) e pela União Social Cristã (CSU). Todavia, diferentemente do partido de Schröder, a aliança do governador da Baviera perdeu um ponto percentual, confirmando sua recente tendência de queda.
A pesquisa -em que 3.000 eleitores foram entrevistados- foi realizada na última semana de agosto e teve margem de erro de dois pontos percentuais, para cima ou para baixo.
Stoiber, por sua vez, revelou ontem seu plano de reforma do federalismo alemão, visando a "reduzir drasticamente os níveis de burocracia" do país. Na fase final da campanha, ele concentra seu esforço na questão do desemprego, que atinge mais de 4 milhões de pessoas (cerca de 10% da mão-de-obra ativa de que dispõe a Alemanha). Trata-se do ponto mais vulnerável do atual chanceler, que não conseguiu cumprir sua promessa de diminuir o número de desempregados para 3,5 milhões em quatro anos.
"É natural que Stoiber ataque o desemprego, pois o balanço do atual governo não é dos melhores nessa área. E isso deverá intensificar-se nas próximas semanas, já que a solução encontrada por Schröder para financiar os esforços de reconstrução das regiões atingidas pelas inundações foi adiar a segunda parte da reforma fiscal, que beneficiaria o setor produtivo", explicou Nitsch.
"Com isso, Stoiber aposta tudo em sua retórica pró-negócios. Isso pode atrair parte do eleitorado que se encontra sem emprego, além, é claro, de agradar ao empresariado. Contudo o simples fato de que ele é contrário à maioria das medidas defendidas pelos sindicatos tende a custar-lhe muitos votos. Uma coisa é certa: é impossível arriscar um prognóstico."
A enquete do Forsa também mostrou que os Verdes, que fazem parte da coalizão governamental de Schröder, se mantiveram estáveis -com 7% das intenções. O mesmo ocorreu com o FDP (Partido Democrático Liberal), que continuou com 8%.

Iraque
Num país de tradição pacifista desde o final da Segunda Guerra Mundial, outro aspecto que joga a favor dos social-democratas é a determinação de Schröder no que se refere a opor-se a uma ofensiva militar unilateral dos EUA para depor o ditador iraquiano, Saddam Hussein. Há semanas, os social-democratas insistem em que qualquer ação nesse sentido deverá ter a anuência da ONU.
"Os alemães não são antiamericanos, mas não apóiam um ataque unilateral ao Iraque. Schröder ganhou pontos com isso, pois Stoiber demorou a pronunciar-se a esse respeito e, quando quebrou o silêncio, repetiu o que já tinha dito o chanceler. Assim, sua atitude foi malvista por parte do eleitorado", indicou Nitsch.


Com agências internacionais


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