São Paulo, terça-feira, 04 de setembro de 2007

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No Iraque, Bush cogita diminuir tropas

Presidente dos EUA faz visita-surpresa a Anbar poucos dias antes de divulgação de relatório sobre situação no país árabe

Província, onde sunitas lutam ao lado dos soldados americanos, é palco para tentar convencer eleitores de que há avanços no Iraque

Jason Reed/Reuters
Bush é seguido por seu secretário da Defesa, Robert Gates, e pela secretária de Estado, Condoleezza Rice, na base de Al Asad


DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, fez ontem uma visita-surpresa à Província iraquiana de Anbar, onde admitiu que poderá reduzir o atual contingente americano no Iraque -de cerca de 150 mil soldados. A visita ao Iraque tinha como objetivo oficial colocar Bush em reunião com o comandante americano das tropas no país árabe, general David Petraeus, e o embaixador dos EUA no Iraque, Ryan Crocker.
Bush, que não deixou as dependências da base militar de Al Asad, recebeu também líderes tribais árabes sunitas, grupo étnico-religioso que domina a Província de Anbar, e o premiê iraquiano, Nuri al Maliki.
Embora assessores da Casa Branca tenham negado que o objetivo da visita fosse "publicitário", o fato é que o general Petraeus e o embaixador Crocker falam no próximo dia 11 ao Congresso dos EUA sobre os progressos políticos e de segurança no Iraque, e um relatório da Casa Branca sobre o mesmo assunto será apresentado aos parlamentares no dia 15.
Em vista disso, e também de olho nas eleições do ano que vem, figuras de peso do oposicionista Partido Democrata têm atacado justamente a falta de progressos no país do Oriente Médio. Além das reiteradas tentativas de forçar Bush a estabelecer um cronograma para a retirada das tropas americanas do Iraque, os democratas têm mais recentemente atacado o premiê iraquiano, o xiita Nuri al Maliki, por não conseguir fazer caminhar um acordo de união nacional no país. Mesmo parlamentares republicanos, pensando nas eleições legislativas, têm procurado se afastar do calcanhar-de-aquiles de Bush, criticando a manutenção de tropas no Iraque.
Uma visita a Anbar, onde os EUA conseguiram apoio de tribos sunitas para combater a Al Qaeda, serviria então para mostrar ao público interno -entenda-se eleitores americanos e republicanos dissidentes- que a presença no Iraque está surtindo efeito. Uma argumentação para a qual Bagdá não seria o cenário mais adequado, dado que a violência sectária na capital iraquiana tem se mantido em níveis elevados, apesar do aumento do número de soldados alocados pelos EUA na cidade desde o início do ano.

Conclusões apressadas
"[Petraeus e Crocker] me disseram que, se o tipo de sucesso que vemos aqui continuar, será possível manter o mesmo nível de segurança com menos soldados americanos", afirmou Bush após se reunir com o militar e o diplomata -embora não tenha dado nenhuma informação adicional sobre essa eventual retirada.
"O Congresso não deve tirar conclusões apressadas até que o general e o embaixador apresentem seu relatório", disse ainda o presidente.
Bush, que levou consigo a Anbar a secretária de Estado, Condoleezza Rice, e o secretário da Defesa, Robert Gates, recebeu também em Al Asad o presidente do Iraque, Jalal Talabani. "Essa será a última grande reunião do presidente antes que ele tome uma decisão sobre os próximos passos" a adotar no Iraque, declarou Geoff Morrell, secretário de Imprensa do Pentágono.
Segundo o "New York Times", espera-se que o general Petraeus sugira ao presidente que os cerca de 30 mil homens a mais enviados ao Iraque neste ano permaneçam lá até meados do ano que vem -uma iniciativa que deve ter o apoio de Bush.
O presidente americano ainda falou aos soldados da base.Ele elogiou seus esforços e foi ovacionado pelos militares.
Após sua terceira visita ao Iraque, a primeira fora da capital, Bush segue agora para a Austrália, a fim de participar já hoje de uma cúpula da Apec (sigla em inglês para Cooperação Econômica da Ásia-Pacífico).


Com agências internacionais e "The New York Times"

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