São Paulo, Sábado, 04 de Setembro de 1999
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VENEZUELA
Segundo pesquisa, 63% das empresas locais suspendem negócios; investimento estrangeiro cresce
Empresários cancelam investimentos

France Presse
Membros do Movimento Quinta República, partido de Chávez, protestam em frente ao Congresso


das agências internacionais

e da Redação

O discurso do presidente Hugo Chávez, que lhe garante índices de popularidade de mais de 80%, não faz o mesmo sucesso com o empresariado local.
Segundo estudo divulgado ontem pela Confederação Venezuelana de Indústrias e pelo instituto privado Datanálisis, 63% das empresas venezuelanas cancelaram ou reduziram seus investimentos no país durante o primeiro trimestre do ano. Chávez assumiu no dia 2 de fevereiro.
Ao mesmo tempo, os investimentos estrangeiros nos primeiros oito meses do ano (US$ 349 milhões) já são quase o dobro dos registrados no ano passado (US$ 291 milhões), segundo reportagem publicada pelo jornal "El Universal", de Caracas.
Segundo o cientista político Carlos Romero, da Universidade Central da Venezuela, a explicação é que, apesar do discurso radical, Chávez mantém a política de abertura iniciada pelo antecessor Rafael Caldera.
"Até agora, a agenda econômica de Chávez tem sido mais ou menos a mesma", disse à Folha. Ele cita como exemplo a ampliação da abertura ao capital estrangeiro no setor de gás natural.
Segundo Romero, o empresariado nacional sofre mais as consequências da instabilidade do cenário político por ser muito dependente do Estado.
Segundo 23,4% dos 250 empresários entrevistados, o clima político é responsável pela decisão de suspender investimentos.
A Assembléia Constituinte, dominada pelos partidários de Chávez, entrou em conflito com o Congresso, retirando-lhe quase todos os poderes.
Também interveio na Corte Suprema. Ontem, o presidente da constituinte, Luís Miquelena, afirmou que pode não respeitar decisões do tribunal, afirmando que a assembléia é soberana.
O presidente da Confederação Venezuelana de Indústrias, Juan Calvo, afirmou que, só neste ano, quebraram mais de mil empresas e indústrias dos setores manufatureiro, petroleiro, têxtil, de serviços e comércio, entre outros.
O fechamento das empresas deixou mais de 600 mil desempregados. O índice oficial de desemprego é de 15%.
Para 77% dos entrevistados, as vendas caíram no primeiro semestre. Para 30,7%, a redução se deve à queda do poder aquisitivo da população.
O país enfrenta forte recessão. O PIB encolheu 9,8% no primeiro trimestre de 99 em comparação com o mesmo período do ano passado.


Colaborou Larissa Purvinni, da Redação

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