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PAZ AMEAÇADA
Líderes reúnem-se hoje com Albright em Paris; cessar-fogo é quebrado e mais 3 palestinos são mortos
Barak e Arafat negociam fim de violência
Associated Press
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Palestino suspende braço com sangue de homem morto no confronto com soldados em Gaza |
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
Pelo menos três palestinos foram mortos ontem em confronto
com soldados israelenses perto da
colônia judaica de Netzarim, na
faixa de Gaza ocupada.
O cessar-fogo firmado na noite
anterior durou só até a metade do
dia, criando um clima de ceticismo quanto aos resultados das
conversações hoje em Paris envolvendo o premiê israelense,
Ehud Barak, o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Iasser Arafat, e a secretária de Estado
dos EUA, Madeleine Albright.
Ontem foi o sexto dia consecutivo de enfrentamentos em Israel e
nos territórios palestinos. Segundo a agência de notícias "Reuters", pelo menos 55 pessoas já
morreram -43 palestinos, 9 árabes de Israel, 1 policial israelense, 1
soldado israelense e 1 civil judeu.
Cerca de 1.300 ficaram feridas, a
grande maioria palestinos. A
agência "France Presse" afirma
que os mortos nos confrontos já
chegam a 63.
Os soldados israelenses, apoiados por helicópteros de guerra,
atacaram ontem centenas de palestinos que protestavam perto da
colônia de Netzarim. Um dos corpos teve o rosto despedaçado e
não pôde ser identificado. Houve
distúrbios também nas cidades de
Hebron, Nablus e Ramallah, na
Cisjordânia.
A trégua havia sido estabelecida
por autoridades palestinas e israelenses na noite de segunda-feira, e
soldados israelenses chegaram a
ser mandados de volta para suas
bases. O acordo, contudo, não durou até o início da tarde de ontem.
"Houve menos incidentes hoje
(ontem) do que no dia anterior
(19 morreram anteontem), mas,
em geral, as mesmas coisas estão
ocorrendo nos mesmos lugares",
disse Giora Eiland, comandante
do Exército israelense.
Os choques começaram na
quinta-feira passada, após visita
de Ariel Sharon (líder do partido
oposicionista Likud) à Esplanada
das Mesquitas, local sagrado para
muçulmanos e judeus, em Jerusalém Oriental.
Negociações
Barak reuniu-se ontem com deputados árabes do Knesset (Parlamento) para tentar acalmar os
ânimos da minoria árabe israelense (cerca de 20% da população). Eles têm realizado protestos
violentos, e o governo israelense
bloqueou estradas perto de suas
cidades, no norte do país.
Barak e Arafat deverão se encontrar hoje com Albright em Paris. Num primeiro momento, o
convite para a reunião entre os
dois líderes foi rechaçado por
Arafat, e Albright havia decidido
conversar com eles separadamente. Mas, depois, o encontro direto
entre os dois foi confirmado.
"Somos receptivos a qualquer
encontro, mas, ao mesmo tempo,
é preciso que Israel decida encerrar as suas agressões contra o povo palestino", afirmou Iasser
Abed Rabbo, ministro da Informação palestino.
Barak retrucou dizendo que
"somente medidas e decisões
marcantes" da parte de Arafat
"podem acabar com a crise e o banho de sangue". Israel afirma que
o palestino poderia controlar os
manifestantes, mas não o faz para
obter ganho nas negociações.
Na quinta-feira, deve ocorrer
uma reunião dos dois líderes com
o presidente egípcio, Hosni Mubarak, no Cairo.
Desde a fracassada cúpula de
Camp David (EUA), realizada em
julho, houve um encontro informal entre Arafat e Barak no norte
de Israel. Nenhum progresso, porém, foi obtido nas negociações
de paz, emperradas principalmente pela falta de consenso sobre o futuro de Jerusalém Oriental, ocupada por Israel após a
guerra de 1967.
Investigação internacional
Os palestinos têm afirmado que
uma investigação estrangeira sobre as mortes dos últimos dias poderia oferecer condições para a
retomada das negociações.
"Acreditamos que os crimes israelenses cometidos contra o nosso povo feriram o coração do processo de paz", disse um assessor
de Arafat.
Do escritório de Barak, porém,
veio uma negativa. "O premiê rechaça totalmente o pedido de um
inquérito internacional sobre os
incidentes nos territórios."
Nações Unidas
O Conselho de Segurança da
ONU decidiu iniciar ontem discussões formais sobre a série de
incidentes violentos na região.
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