São Paulo, quinta-feira, 04 de outubro de 2001

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"Temos todo o direito de persegui-los"

DO "THE NEW YORK TIMES"

A seguir trechos da entrevista com o secretário de Estado dos EUA, Colin L. Powell, em seu escritório ontem:

Pergunta - Em conversas com alguns dos países que foram informados, eles descreveram as evidências como interessantes, mas circunstanciais em relação à Al Qaeda, mas não necessariamente à pessoa de Osama bin Laden. O sr. claramente conseguiu convencer o primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair. O que se pode dizer?
Colin L. Powell -
Os telegramas que enviamos realmente contêm diversas informações. Um deles traz a história da organização e estabelece o fato de que temos todo o direito de persegui-los, porque já foram indiciados, tanto a Al Qaeda quanto Osama bin Laden, por crimes passados contra os Estados Unidos e a civilização. E nos asseguramos de que todos compreendem esse fato.
Creio que o caso seja sólido. Mas não o vejamos apenas em termos de algo que vai a julgamento em tribunal. Trata-se de informações e indicações que foram recolhidas e, em minha opinião, indubitavelmente são pertinentes àquilo que revelamos e indicam que todos os caminhos conduzem a Bin Laden, para mim.
Não tenho dúvidas sérias a respeito, e não acredito que quem quer que tenha acesso ao tipo de informação que enviamos as tenha, tampouco.
Mas não se trata de tentarmos persuadir um tribunal. Confiamos saber quem realizou os ataques, e é atrás deles que iremos. Com respeito ao creio que "Livro Branco", foi uma escolha infeliz. Acredito que as informações estejam surgindo na imprensa e de outras formas.
O público em geral compreenderá a natureza da organização e os motivos para que as evidências sejam, mais que circunstanciais, persuasivas.

Pergunta - O sr. não usou as palavras "remover o Taleban", mas essa parece ser a meta.
Powell -
O presidente [George W. Bush" lhes deu uma oportunidade em seu discurso ao dizer que "ou vocês fazem isso, ou haverá consequências". E eles não o fizeram.
O trabalho humanitário que estamos realizando tem propósitos humanitários. Milhões de afegãos já sofrem e sofrerão ainda mais como resultado da crise em que estamos ou da situação em que estamos -e estamos trabalhando ao máximo para aliviar esse sofrimento, até onde pudermos.
Mas não usamos nossas atividades humanitárias como parte do nosso processo político. E você usou as palavras "remover o Taleban" como meta, e eu não concordo com a sua caracterização.
Nosso objetivo, em primeira instância, como estipulou o presidente Bush, é atingir a Al Qaeda e seu líder, Osama bin Laden, e seus campos no Afeganistão, e o regime do Taleban terá um preço a pagar. E já que eles estão interconectados com isso tudo e se recusam a romper essas conexões, pagarão o preço...

Pergunta - Portanto, eles pagarão?
Powell -
Não sei o que farão. A escolha cabe a eles.

Pergunta - Como o sr. define uma vitória?
Powell -
Vejo o sucesso dessa campanha avaliado com base na restauração de certo grau de segurança na sociedade, com as pessoas menos assustadas do que estão agora ou do que ficaram com o que aconteceu no dia 11 de setembro.
Vejo o sucesso nessa campanha como uma redução, uma grande redução no terrorismo preferivelmente terrorismo zero, com alcance global. Isso é o sucesso, em última análise.


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