São Paulo, quinta-feira, 04 de outubro de 2001

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DIREITOS

Bordéis devem ter contrato

Prostitutas vão ter sindicato na Holanda

DA REUTERS

Ativistas em defesa dos direitos das prostitutas holandesas anunciaram ontem a fundação do que deve ser o primeiro sindicato da classe, que terá o objetivo de lutar por melhores salários e condições de trabalho dentro dos bordéis e clubes de sexo da Holanda.
No ano passado, a Holanda, país com forte tradição liberal, revogou a lei de 1912, que impedia o funcionamento de bordéis no país.
De acordo com Christy ten Broeke, porta-voz da Rode Draad, organização que defende o direito das cerca de 20 mil prostitutas holandesas, o sindicato deve entrar em funcionamento "em um ano".
Desde 1996 as prostitutas pagam imposto de renda, e o sindicato pretende assegurar que os gastos que elas têm com roupas, camisinhas e objetos eróticos tenham um desconto ou redução no imposto. Também devem fazer campanha para regular o setor, que movimenta cerca de US$ 1 bilhão por ano, e exigir dos donos de bordéis que tenham contrato com suas funcionárias.
As prostitutas na Holanda trabalham em bordéis de diferentes categorias, incluindo estabelecimentos de luxo com decoração sedutora, camas enormes e banheiras jacuzzi a casas comuns.
A maioria dos cerca de 2.000 bordéis do país localiza-se ao redor da capital, Amsterdã. Mas as prostitutas também trabalham pelo telefone, agenciando o serviço, assediando clientes nas ruas ou posando para as janelas do distrito Red Light, conhecido por abrigar a zona de prostituição.

Direito à greve
Ten Broeke afirmou que é "bastante improvável" que o sindicato venha a convocar uma greve no futuro. "Não tenho muita certeza de que uma greve seria de interesse das mulheres. Outras formas de ação seriam mais apropriadas. Mas é sempre possível", disse.
As prostitutas holandesas recebem em média US$ 6,7 por hora, sem desconto de imposto. Mas a renda é variável, dependendo se as mulheres trabalham para uma agência, cujos clientes pertencem à elite ou nas ruas. Algumas trabalham uma vez por semana, e outras fazem programas diários.
A iniciativa recebeu o apoio do sindicato mais forte do país, o FNV, que conta com 1,2 milhão de sindicalizados. Dentre os benefícios para afiliados, o FNV dará aconselhamento sobre salário, previdência social e outros assuntos relacionado ao trabalho.



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