São Paulo, quarta-feira, 04 de outubro de 2006

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Turco seqüestra avião com 113 a bordo

Seqüestrador, que é cristão e se entregou após aterrissar na Itália, queria transmitir mensagem ao papa

DA REDAÇÃO

Um homem turco seqüestrou ontem um avião com 113 pessoas a bordo que fazia a rota entre a Albânia e a Turquia, forçando um pouso na Itália, onde acabou se rendendo. Ninguém ficou ferido.
O Boeing 737-400, da empresa aérea Turkish Airlines foi seqüestrado no espaço aéreo grego e aterrissou no aeroporto italiano de Brindisi.
"O homem entrou na cabine e disse: "Há dois de nós", o que levou as autoridades a acreditar que ele não estava agindo sozinho", informou à agência de notícias Associated Press um agente italiano de segurança em Brindisi, sob a condição de anonimato. "Havia apenas um seqüestrador, que se entregou às autoridades no aeroporto."
Giuseppe Giannuzzi, promotor-chefe da vizinha cidade de Lecce, disse ontem à tarde, em entrevista coletiva, que o homem, identificado por autoridades turcas como Hakan Ekinci, 28, ainda não havia sido interrogado.
Os passageiros foram interrogados individualmente para confirmar suas identidades e checar uma eventual ligação com o seqüestrador.
Funcionários da Turkish Airlines inicialmente disseram que o seqüestro teria ocorrido para protestar contra a visita do papa Bento 16 à Turquia, no mês que vem. No entanto, o governo turco afirmou que o objetivo era conseguir asilo político.
Já o agente de segurança de Brindisi disse que o seqüestrador queria entregar uma mensagem ao papa, mas ele não soube informar o seu conteúdo.
Segundo a rede de televisão turca NTV, o seqüestrador se converteu ao cristianismo em 1998 e é um dissidente do Exército da Turquia que buscava o apoio do papa Bento 16.
Após a aterrissagem em Brindisi, foram iniciadas as negociações com o seqüestrador a partir da torre de controle, enquanto o ministro do Interior italiano, Giuliano Amato, convocou uma reunião de crise para acompanhar o caso.
A aeronave, que levava 107 passageiros e 6 tripulantes, foi interceptada por caças gregos e em seguida por F-16 italianos, que a obrigaram a descer no aeroporto de Brindisi.

Pânico
Um deputado albanês, Sabri Abazi, que se encontrava dentro do avião, disse à agência de notícias Ansa que ninguém usou armas em nenhum momento. Segundo ele, "os passageiros entraram em pânico".
Para Abazi, havia ao menos dois envolvidos na ação. "Os seqüestradores não disseram nada aos passageiros. Entraram na cabine do piloto, mas só vimos um deles sair, um homem de uns 30 anos vestido com roupa esportiva".
A visita do papa à Turquia, país de maioria muçulmana, ocorrerá pouco depois da onda de protestos e críticas provocadas por declarações na Alemanha em que citou uma frase ligando o islamismo à violência.
O Vaticano segue com atenção as notícias sobre o seqüestro do avião turco e "aguarda mais informações", afirmou o chefe de imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi.
Os aeroportos de Brindisi e Tirana (Albânia) ficaram fechados durante várias horas, e o tráfego aéreo local italiano foi desviado ao aeroporto de Bari.


Com agências internacionais


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