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Cristina quer "fechar equação energética"
Candidata argentina defende em Brasília associação com Venezuela e Bolívia para integração regional na área de energia
Acusada pela oposição de usar a máquina pública na campanha, primeira-dama veio em avião presidencial
e trouxe dois ministros
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em visita de seis horas a Brasília, a primeira-dama e candidata à Presidência argentina,
Cristina Kirchner, defendeu
que Brasil e Argentina se associem à Venezuela e à Bolívia para "fechar a equação energética
da América Latina".
Cristina, que é senadora, afirmou que o desenvolvimento de
projetos energéticos comuns
com os países dos esquerdistas
Hugo Chávez e Evo Morales
exigirá que se "articule este
processo de crescimento com
um grande pragmatismo".
"Falamos com o presidente
Lula sobre a necessidade de fechar a equação energética na
América Latina, essencialmente porque, no mundo que virá,
quem tiver energia assegurada
terá investimentos. É preciso
ter cabeça aberta para esse tema", afirmou a candidata, recebida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para um almoço no Palácio da Alvorada.
A Argentina vive um gargalo
energético -houve racionamento no último inverno- e,
como o Brasil, teve problemas
com o fornecimento de gás da
Bolívia sob o comando de Morales, um protegido de Chávez.
A Casa Rosada, aliada de
Chávez, defende a construção
do Gasoduto do Sul, que cruzaria o continente levando gás da
Venezuela para Brasil e Argentina. O governo brasileiro vem
se mostrando cético quanto ao
projeto. Num encontro entre
Lula e Chávez, há dez dias, decidiu-se apenas retomar os estudos para o gasoduto.
Uso da máquina
Sob críticas da oposição, que
a acusa de usar a máquina pública para se eleger, a primeira-dama visitou Brasília acompanhada dos ministros das Relações Exteriores, Jorge Taiana, e
da Economia, Miguel Peirano.
A comitiva utilizou uma aeronave presidencial da Argentina.
Ao presidente Lula, a primeira-dama disse que os projetos
energéticos regionais seriam
uma forma de "qualificar" a relação entre Brasil e Argentina.
Segundo o assessor de Relações
Internacionais de Lula, Marco
Aurélio Garcia, o presidente
concordou com a idéia.
"Num mundo em que somos
grandes produtores de commodities, de fortes processos de
industrialização, estou convencida de que devemos qualificar
mais ainda nossa relação", declarou Cristina, depois de se
reunir com representantes de
14 empresas. "A razão da minha
presença aqui é a reafirmação
da associação estratégica entre
Argentina e Brasil", disse ela.
Cristina -favorita na eleição
marcada para o dia 28- disse
ainda que Brasil e Argentina, as
maiores economias do Mercosul, vivem a "oportunidade histórica e inédita" de "aproveitar
essa associação para que isso se
expanda em toda a região".
Círculo virtuoso
Aos empresários, Cristina
defendeu "um círculo virtuoso"
de crescimento: "A reindustrialização da Argentina, somada
ao potencial industrial e de investimentos que tem o Brasil,
deve ajudar a região a se expandir e criar um círculo virtuoso
que nos coloque como bloco
econômico e político frente ao
mundo".
"Uma coisa importante que
aproximou o governo brasileiro
das questões da senadora é a
idéia de que a América do Sul é
efetivamente um pólo importante hoje. Se houver inteligência, pragmatismo na confecção
de suas políticas econômicas,
definições de caráter mais estratégico, pode ter uma inserção no mundo totalmente diferente", disse Garcia.
Segundo ele, Cristina não pediu apoio político de Lula na
disputa eleitoral: "Seria uma
coisa incompreensível que ela
pedisse apoio aqui, até porque o
presidente tem o título eleitoral em São Bernardo".
Colaborou LETICIA SANDER, da Sucursal de
Brasília
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