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Fantasma de Pablo Escobar assombra Uribe na Colômbia
Amante lança memórias e obriga presidente a desmentir amizade com traficante
Uribe acusa jornalista de atuar como "caluniador profissional" a serviço de Virginia Vallejo, autora
do livro "Amando Pablo"
MARIE DELCAS
DO "MONDE"
Muito bonita e no passado
muito rica, Virginia Vallejo está
relembrando agora a história
de seu amor por Pablo Escobar.
Ela afirma que seu amante, rei
dos reis da cocaína e grande
chefe do cartel de Medellín,
morto em 1993, tinha entre
seus amigos um certo Álvaro
Uribe, que mais tarde se tornaria presidente da Colômbia.
O chefe de Estado reagiu
imediatamente. "Jamais fui
amigo de Pablo Escobar, mesmo quando isso era moda", ele
declarou, em comunicado oficial distribuído em 1º de outubro. No dia seguinte, o presidente se pronunciou de maneira mais veemente. Em discurso
no rádio, acusou Gonzalo Guillén, correspondente do "Nuevo Herald" (versão em espanhol do "Miami Herald"), de
haver emprestado a Vallejo sua
pena de "caluniador profissional", consagrada durante toda a
vida à "injúria e difamação".
O jornalista do diário norte-americano exigiu que Uribe se
retratasse e ameaçou recorrer à
Justiça. O presidente colombiano tem razões para sua suscetibilidade. Na semana passada, o senador Mario Uribe, seu
primo, foi considerado culpado
por suposta cumplicidade com
grupos paramilitares, por sua
vez associados ao tráfico de
drogas. Além disso, José Obdulio Gaviria, assessor do presidente, é primo de Escobar.
Estrela de televisão nos anos
80, Vallejo conta que o líder do
cartel de Medellín "idolatrava"
Álvaro Uribe. E diz que ela mesma considerava o então jovem
líder político um homem muito
simpático. "Um dos raros amigos de Pablo que tinha uma cabeça decente", ela escreve em
seu livro de memórias, intitulado "Amando Pablo, Odiando
Escobar".
A amante do chefe do tráfico
tinha lá suas dúvidas: "Eu gostaria de saber como Pablo conseguiu fazer construir no país
pistas de pouso, das quais despachava toneladas de cocaína, e
além disso como conseguiu importar, em flagrante contrabando, girafas, contêineres inteiros de produtos, lanchas de
seis metros de altura".
E um dos colegas de Escobar
respondeu, segundo ela: "Pablo
é o mais rico de todos porque é
o mais astuto. Ele tem um amigo na direção da Aeronáutica,
um rapaz jovem, filho de um
dos primeiros grandes traficantes, um certo Uribe... Álvaro
Uribe, creio".
Diretor da Aeronáutica Civil
colombiana entre 1981 e 1983,
Uribe, cuja família é de Medellín, era suspeito de ter concedido aos traficantes da cidade
dezenas de licenças para a
construção de pistas de pouso
para aviões de pequeno porte.
"Minha passagem pela chefia
da Aeronáutica Civil foi exaustivamente investigada", afirmou o presidente.
Em julho de 2006, o correspondente do "Nuevo Herald"
em Bogotá convenceu Vallejo a
relatar o que sabia sobre o papel de Escobar nos assassinatos
políticos dos anos 80. Abandonando o anonimato no qual vivia desde a morte de seu amante, Vallejo agora está refugiada
nos EUA. "Suas memórias pessoais não me interessam. Nem
mesmo li seu livro", disse Guillén. Ameaçado de morte, o correspondente deve deixar o país.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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