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Exército usa prisões noturnas contra oposição em Mianmar
Entre os detidos estão milhares de monges budistas e até funcionária da ONU
Enviado das Nações Unidas ao país deve relatar diálogo com general birmanês hoje; União Européia aprova mais sanções contra junta militar
Reuters
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DA REDAÇÃO
Depois de atirar contra manifestantes e deixar ao menos
dez mortos na última semana, o
Exército de Mianmar mantém
sua campanha para coibir o
movimento antigoverno no
país com prisões durante a madrugada e expulsando monges
de grandes cidades. Testemunhas afirmam que ao menos oito caminhões cheios de prisioneiros foram levados do centro
da cidade de Yangun ontem.
A violência foi deflagrada depois do ápice do movimento
pró-democrático, há cerca de
dez dias, quando mais de 100
mil manifestantes protestaram
pacificamente em Yangun.
"Temos fotografias! Vamos efetuar prisões!" eram as frases
ouvidas dos alto-falantes das
forças de segurança birmanesas na cidade ontem.
Um dos cidadãos levados no
meio da madrugada por agentes birmaneses foi Myint Nwe
Moe, funcionária local da ONU,
além de seu marido, um cunhado e o motorista.
Segundo Shari Villarosa, alta
representante das Nações Unidas em Mianmar, ao menos 15
monastérios de Yangun estão
vazios ou isolados por militares. Milhares de monges estão
desaparecidos.
Os protestos começaram em
19 de agosto, quando a população -40% da qual vive com menos de US$ 1 por dia- se revoltou contra aumentos de preços.
O movimento assumiu rapidamente caráter pró-democracia,
evidenciando a insatisfação
com a miséria do país, desde
1962 sob ditadura militar.
O governo admite a morte de
dez pessoas durante a repressão às marchas, mas grupos dissidentes elevam a cifra para
mais de 200. Críticos dizem
ainda que cerca de 6.000 pessoas foram presas.
Segundo Charles Petri, coordenador humanitário da ONU
no país, o enviado da entidade a
Mianmar, Ibrahim Gambari,
expressou anteontem preocupação quanto à falta de informações oficiais sobre os detidos e desaparecidos ao chefe da
junta militar birmanesa, general Than Shwe. Gambari deverá
relatar sua visita hoje ao secretário-geral da ONU.
A União Européia informou
ontem que expandirá sanções
contra Mianmar.
Missão brasileira
A Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados aprovou ontem o envio
de uma comitiva de congressistas brasileiros a Mianmar para
observar a tensão no país.
Os deputados brasileiros embarcam na próxima semana. A
viagem não será paga pela Câmara, segundo a comissão.
Com agências internacionais
Colaborou a sucursal de Brasília
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