São Paulo, quinta-feira, 04 de outubro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Exército usa prisões noturnas contra oposição em Mianmar

Entre os detidos estão milhares de monges budistas e até funcionária da ONU

Enviado das Nações Unidas ao país deve relatar diálogo com general birmanês hoje; União Européia aprova mais sanções contra junta militar

Reuters
Criança usa pintura típica em Amarapura; protestos encolheram


DA REDAÇÃO

Depois de atirar contra manifestantes e deixar ao menos dez mortos na última semana, o Exército de Mianmar mantém sua campanha para coibir o movimento antigoverno no país com prisões durante a madrugada e expulsando monges de grandes cidades. Testemunhas afirmam que ao menos oito caminhões cheios de prisioneiros foram levados do centro da cidade de Yangun ontem.
A violência foi deflagrada depois do ápice do movimento pró-democrático, há cerca de dez dias, quando mais de 100 mil manifestantes protestaram pacificamente em Yangun. "Temos fotografias! Vamos efetuar prisões!" eram as frases ouvidas dos alto-falantes das forças de segurança birmanesas na cidade ontem.
Um dos cidadãos levados no meio da madrugada por agentes birmaneses foi Myint Nwe Moe, funcionária local da ONU, além de seu marido, um cunhado e o motorista.
Segundo Shari Villarosa, alta representante das Nações Unidas em Mianmar, ao menos 15 monastérios de Yangun estão vazios ou isolados por militares. Milhares de monges estão desaparecidos.
Os protestos começaram em 19 de agosto, quando a população -40% da qual vive com menos de US$ 1 por dia- se revoltou contra aumentos de preços. O movimento assumiu rapidamente caráter pró-democracia, evidenciando a insatisfação com a miséria do país, desde 1962 sob ditadura militar.
O governo admite a morte de dez pessoas durante a repressão às marchas, mas grupos dissidentes elevam a cifra para mais de 200. Críticos dizem ainda que cerca de 6.000 pessoas foram presas.
Segundo Charles Petri, coordenador humanitário da ONU no país, o enviado da entidade a Mianmar, Ibrahim Gambari, expressou anteontem preocupação quanto à falta de informações oficiais sobre os detidos e desaparecidos ao chefe da junta militar birmanesa, general Than Shwe. Gambari deverá relatar sua visita hoje ao secretário-geral da ONU.
A União Européia informou ontem que expandirá sanções contra Mianmar.

Missão brasileira
A Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados aprovou ontem o envio de uma comitiva de congressistas brasileiros a Mianmar para observar a tensão no país.
Os deputados brasileiros embarcam na próxima semana. A viagem não será paga pela Câmara, segundo a comissão.


Com agências internacionais

Colaborou a sucursal de Brasília


Texto Anterior: África do Sul: Acidente deixa mais de 3.000 presos em mina
Próximo Texto: Ex-premiê do Paquistão diz que a anistia é "uma farsa"
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.