São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2008

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Ex-aliado de Chávez é preso sob acusação de desviar fundos

General Baduel rompeu em 2007 com presidente venezuelano, de quem era próximo desde 1982 e cujo gabinete ele integrava

Promotoria militar alega que ex-ministro da Defesa desviou US$ 6,7 milhões em verba da pasta e recusou-se a depor; oposição vê abuso

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS

O general da reserva e líder opositor Raúl Isaías Baduel foi detido ontem em meio a uma investigação de desvio de verbas na época em que era ministro da Defesa do ex-aliado Hugo Chávez, informou a Promotoria militar venezuelana.
A detenção ocorreu na cidade de Maracay (110 km a oeste de Caracas). Imagens de TV mostram Baduel sendo empurrado para dentro de uma camioneta por 4 homens, dos quais 3 estão identificados com coletes da DIM (Direção de Inteligência Militar).
Segundo sua mulher, Cruz Maria de Baduel, os dois se dirigiam ao supermercado e foram pegos de surpresa, embora a operação tenha sido registrada pelas emissoras de TV privadas Globovisión e Venevisión.
Baduel foi detido por um "mandato de condução" a um tribunal militar, segundo o promotor militar, general Ernesto José Cedeño. Em entrevista coletiva, o general disse que a medida foi necessária porque o ex-ministro não atendeu a seis intimações para depor.
Pouco após a operação, em contato telefônico com a emissora Globovisión, Baduel negou ter desobedecido às intimações da Promotoria e afirmou que sua detenção "foi feita de maneira violenta".
No meio da tarde, Baduel chegou a Caracas, onde prestaria depoimento. O Ministério do Interior (Justiça) disse que ele seria solto à noite, mas isso não havia ocorrido até o fechamento desta edição.

"Abuso"
Ismael Garcia, principal líder do partido dissidente Podemos, disse que a detenção foi "um atropelo e um abuso". O ex-chavista responsabilizou o governo Chávez pela operação.
As investigações tiveram início no ano passado, depois que Baduel passou a se opor publicamente ao projeto de reforma constitucional de Chávez, derrotado em referendo em 2 de dezembro.
O processo foi aberto a pedido do atual ministro da Defesa, Gustavo Rangel Briceño, que substituiu Baduel na pasta em julho do ano passado.
O ex-ministro foi indiciado por "subtração de fundos pertencentes à Força Armada Nacional Bolivariana". Cedeño disse ontem que o desvio chega a US$ 6,7 milhões.
O rompimento com Baduel foi um dos mais duros golpes sofridos por Chávez no ano passado. Os dois eram aliados políticos desde 1982, quando fundaram, em segredo, o Movimento Bolivariano Revolucionário 200 (MBR-200), embrião das forças políticas que levaram o presidente venezuelano ao poder, em 1999. Em abril de 2002, Baduel foi decisivo para a derrota do golpe de Estado contra Chávez.
Embora não seja candidato, o ex-ministro tem participado de eventos públicos de candidatos oposicionistas que disputarão as eleições regionais de 23 de novembro próximo.


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