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Ex-aliado de Chávez é preso sob acusação de desviar fundos
General Baduel rompeu em 2007 com presidente venezuelano, de quem era próximo desde 1982 e cujo gabinete ele integrava
Promotoria militar alega que ex-ministro da Defesa desviou US$ 6,7 milhões em verba da pasta e recusou-se a depor; oposição vê abuso
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
O general da reserva e líder
opositor Raúl Isaías Baduel foi
detido ontem em meio a uma
investigação de desvio de verbas na época em que era ministro da Defesa do ex-aliado Hugo Chávez, informou a Promotoria militar venezuelana.
A detenção ocorreu na cidade de Maracay (110 km a oeste
de Caracas). Imagens de TV
mostram Baduel sendo empurrado para dentro de uma camioneta por 4 homens, dos
quais 3 estão identificados com
coletes da DIM (Direção de Inteligência Militar).
Segundo sua mulher, Cruz
Maria de Baduel, os dois se dirigiam ao supermercado e foram
pegos de surpresa, embora a
operação tenha sido registrada
pelas emissoras de TV privadas
Globovisión e Venevisión.
Baduel foi detido por um
"mandato de condução" a um
tribunal militar, segundo o promotor militar, general Ernesto
José Cedeño. Em entrevista coletiva, o general disse que a medida foi necessária porque o ex-ministro não atendeu a seis intimações para depor.
Pouco após a operação, em
contato telefônico com a emissora Globovisión, Baduel negou ter desobedecido às intimações da Promotoria e afirmou que sua detenção "foi feita
de maneira violenta".
No meio da tarde, Baduel
chegou a Caracas, onde prestaria depoimento. O Ministério
do Interior (Justiça) disse que
ele seria solto à noite, mas isso
não havia ocorrido até o fechamento desta edição.
"Abuso"
Ismael Garcia, principal líder
do partido dissidente Podemos,
disse que a detenção foi "um
atropelo e um abuso". O ex-chavista responsabilizou o governo Chávez pela operação.
As investigações tiveram início no ano passado, depois que
Baduel passou a se opor publicamente ao projeto de reforma
constitucional de Chávez, derrotado em referendo em 2 de
dezembro.
O processo foi aberto a pedido do atual ministro da Defesa,
Gustavo Rangel Briceño, que
substituiu Baduel na pasta em
julho do ano passado.
O ex-ministro foi indiciado
por "subtração de fundos pertencentes à Força Armada Nacional Bolivariana". Cedeño
disse ontem que o desvio chega
a US$ 6,7 milhões.
O rompimento com Baduel
foi um dos mais duros golpes
sofridos por Chávez no ano
passado. Os dois eram aliados
políticos desde 1982, quando
fundaram, em segredo, o Movimento Bolivariano Revolucionário 200 (MBR-200), embrião
das forças políticas que levaram o presidente venezuelano
ao poder, em 1999. Em abril de
2002, Baduel foi decisivo para a
derrota do golpe de Estado contra Chávez.
Embora não seja candidato, o
ex-ministro tem participado de
eventos públicos de candidatos
oposicionistas que disputarão
as eleições regionais de 23 de
novembro próximo.
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