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O VOLUNTÁRIO
"Morrer pela minha bandeira me faz mártir"
DO ENVIADO A MURRE
"Leite?", pergunta Ahmed
Shahzad ao servir o chá. Com um
visual que lembra o guerrilheiro-padrão Che Guevara, de quem
nunca ouviu falar, Shahzad explica seu ideal de vida com naturalidade, enquanto entorna o bule.
"Eu quero lutar pelo islã. Se for
para morrer, vou sem medo, porque acredito que morrer lutando
pela minha bandeira me faça
mártir. E todo mártir vai para o
Paraíso. Não tenho nada na terra
que me prenda." Shahzad tem 19
anos. Aparenta ter mais, 25 talvez.
Sua educação formal se resumiu a
quatro anos frequentando uma
madrassa em sua Lahore natal.
Ele falou à Folha ao lado de seu
tutor militar, na sede da guerrilha
Sheikhupura em Murre, onde são
escolhidos jovens para a luta na
Caxemira.
(IG)
Folha - O que você fazia em Lahore?
Ahmed Shahzad - Meu pai tinha
um riquixá. Eu não tive muito estudo até ir para uma madrassa.
Mas não tinha emprego lá.
Folha - O que o trouxe a Murre?
Shahzad - Eu queria ser útil. Comecei a ler tudo aquilo que Israel,
Índia e EUA fazem no mundo e
vim para cá. Tudo o que o povo da
Palestina e da Caxemira passam.
Isso foi em 1997.
Folha - Como foi o treinamento?
Você foi à Caxemira?
Shahzad - A gente aprendeu sobre como morrer pelo islã e o valor que a vida fora daqui tem. Ainda não pude ir a combate.
Folha - O que sua família acha?
Shahzad - Meus pais e irmãos se
orgulham de mim. Eu quero combater o terrorismo dos EUA.
Folha - Como?
Shahzad - Pedi para ser mandado para o Afeganistão assim que
deixarem. Sei lutar.
Folha - O que você acha de Osama
bin Laden?
Shahzad - Ele é um herói, mas os
EUA não estão atacando ele. Estão matando muçulmanos inocentes. Isso é errado.
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