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Imagem do republicano muda com campanha
McCain contrariou histórico de conservador progressista
DO ENVIADO A PHOENIX
Há evidências de sobra indicando um possível fracasso de
John Sidney McCain 3º, 72, na
eleição de hoje. Se ele contrariar as previsões e se tornar o
44º presidente dos Estados
Unidos, será mais uma história
de superação na vida desse que
pode ser o mais idoso americano a ocupar a Casa Branca num
primeiro mandato.
McCain é filho e neto de militares, ambos almirantes. Acabou seguindo carreira na Marinha. Piloto, serviu no Vietnã. A
partir daí sua vida mudou.
Em 26 de outubro de 1967,
McCain foi abatido. Um míssil
atingiu seu caça Skyhawk. Sobreviveu à queda, mas ficou
muito ferido. Capturado pelos
vietnamitas, foi encarcerado
numa prisão em Hanói. Entrou
na cela com 31 anos. Quando
saiu, estava com 36.
Ao se lançar na política, em
1982, escolheu o Arizona para
se candidatar a deputado. Conquistou o eleitorado, foi eleito e
nunca mais saiu de Washington pelos 26 anos seguintes.
Com a credibilidade de seu
passado na Marinha, McCain
percebeu ter uma certa carta-branca como político. No Partido Republicano, é considerado
um desgarrado, o mais progressista dos conservadores.
Depois de sua tentativa frustrada de se candidatar à Casa
Branca em 2000, porém, resignou-se à escolha do partido.
Apoiou George W. Bush. Paga
um preço alto hoje. Na atual
campanha, teve de ser direto ao
debater com Barack Obama,
procurando exorcizar a imagem de governista: "Eu não sou
o presidente Bush".
A publicidade de McCain
martela as expressões "experiência", "capacidade de liderar", "testado em momentos de
crise". Apela diretamente ao
patriotismo dos americanos.
Compara-se ao adversário democrata "que nunca dirigiu nada" e só vai para a Casa Branca
para "redistribuir riqueza".
McCain surpreendeu ao escolher para vice Sarah Palin,
então desconhecida governadora do Alasca. Conservadora e
hábil sobre o palanque, compensava dois predicados que o
candidato republicano não
possui para o público interno.
As pesquisas rapidamente
captaram o momento. McCain
empatou com o democrata Barack Obama na primeira quinzena de setembro. Mas um raio
vindo de Wall Street abalou sua
campanha. O estouro da bolha
imobiliária e a iminência de
uma das piores recessões desde
a Segunda Guerra Mundial
trouxeram novamente McCain
e Bush, juntos, para o centro do
palco político como responsáveis associados pela derrocada.
O republicano tentou reagir.
Lançou um novo personagem
na campanha, "Joe, o encanador" -a síntese do cidadão
americano médio, empreendedor, que sofre quando o governo aumenta impostos. McCain
tentou colar em Obama a pecha
de "socialista". Em princípio, a
estratégia ecoou apenas entre
os que já estavam propensos a
eleger o senador pelo Arizona.
Se conseguir superar as dificuldades hoje nas urnas, será
uma das histórias mais extraordinárias do ex-piloto de caça
McCain. Se perder, certamente
sua carreira política entrará em
uma fase crepuscular.
No caso de derrota, amargará
uma inversão de sinais sobre
seu legado. Entrou na campanha como um político flexível,
conservador moderado. No espectro ideológico, está à esquerda dos últimos três presidentes eleitos pelo seu partido
(Ronald Reagan e os dois
Bush). Por conta de uma campanha errática, sairá do processo como alguém que cedeu aos
ataques de baixo nível e foi responsável pelo lançamento nacional de Palin, sua antípoda
em quase todos os aspectos.
(FR)
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