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Íntegra de acordo sobre bases não elimina dúvidas
Texto, divulgado ontem pela Colômbia, menciona não intervenção, como queriam vizinhos, mas é vago sobre natureza de ações dos EUA
Pacto sugere que os EUA construirão estruturas e farão melhorias para uso exclusivo de seu pessoal em
instalações colombianas
FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
O acordo militar firmado entre a Colômbia e os EUA menciona o princípio não intervenção em assuntos internos de
terceiros países -uma preocupação manifestada pelos vizinhos, em especial a Venezuela-, mas é vago sobre os equipamentos que serão utilizados
pelos militares americanos no
país assim como sobre a natureza das "atividades" que poderão ser feitas conjuntamente.
O texto do pacto, assinado na
última sexta-feira e divulgado
apenas ontem no site da Chancelaria colombiana, prevê inclusive que os militares americanos terão autorização de usar
uniforme e armamento "para
atividades que se levem a cabo
no marco do acordo".
O artigo 3º do documento
chamado "objetivo da cooperação em defesa e segurança", em
seu parágrafo 4º, contém a
menção ao respeito ao princípio da "integridade territorial"
e de não intervenção.
O parágrafo 1º do mesmo artigo diz que a parceria também
visa "enfrentar ameaçar comuns à paz, a estabilidade, a liberdade e a democracia".
Vários países da região, Brasil incluído, manifestaram desconfiança em relação ao acordo. O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva pediu garantias
formais de que o uso das bases
não extrapolaria as fronteiras
colombianas. No mês passado,
Lula disse que acreditava nas
palavras de Uribe e Barack
Obama, mas afirmou que queria ver o acordo por escrito.
Palanquero
O texto sugere que os EUA
construirão estruturas e farão
melhorias para o uso exclusivo
de seu pessoal. "Os edifícios, as
estruturas inamovíveis e as
montagens construídas para os
EUA serão para seu uso, salvo
acordo contrário entre as partes, até a entrega dos mesmos a
Colômbia", diz o parágrafo 4º
do artigo 4º.
O acordo põe ênfase na questão do tráfego aéreo. Diz que
normativa futura deverá regulamentar a passagem de aeronaves americanas pelo país.
Esses pontos são importantes porque os EUA já aprovaram verba de US$ 46 milhões a
ser investida na base aérea de
Palanquero, no centro do país.
A adaptação da instalação é um
dos projetos prioritários do
Pentágono na Colômbia, conforme demonstram documentos das Forças Armadas dos
EUA submetidos ao Congresso.
Como a Folha publicou anteontem, Washington considera Palanquero uma "oportunidade única" de obter "acesso e
presença regional a custo mínimo" numa área sob ameaças
constantes, entre elas as vindas
de "governos antiamericanos"
como o de Chávez.
O documento também diz
que Palanquero é o melhor lugar "para conduzir um completo espectro de operações pela
América do Sul". A base faz
parte do plano global de rotas
para transporte estratégico
global de carga e pessoal militar americano.
O texto assinado deixa aberta a possibilidade que haja voos
militares tripulados apenas por
americanos no país. A participação de colombianos só ocorrerá "se requerida". Na base
americana de Manta, no Equador, que será desativada neste
ano, há a obrigação de que houvesse sempre um equatoriano a
bordo nos voos de monitoramento antidroga.
O pacto também permitirá a
presença de "observadores de
terceiros países" nos voos.
Como antecipado pela imprensa colombiana, o texto
concede imunidade diplomática para pessoal militar e terceirizado do Pentágono na Colômbia, mas permite que Bogotá acompanhe eventuais processos na Justiça dos EUA.
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