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Sem Brasil, 92 países firmam pacto antibomba
Abolição de artefatos de dispersão deveria ser tratada na ONU, diz Itamaraty; EUA e Rússia também não assinam
DA REDAÇÃO
Pelo menos 92 países assinaram ontem em Oslo (Noruega)
um tratado para banir o uso em
conflitos dos atuais modelos de
bombas de dispersão, conhecidas como "cluster bombs".
O Brasil, assim como os líderes na fabricação e uso do armamento -EUA, Rússia, Israel, Índia e Paquistão-, ficou
fora. O Afeganistão, antes refratário, assinou o pacto.
As bombas de dispersão foram usadas recentemente pelos EUA e por Israel em países
como Líbano, Afeganistão e
Iraque. Elas são feitas de contêineres que se abrem no ar e
espalham centenas de submunições fragmentadas, que funcionam como minibombas.
O terreno atingido acaba se
transformando num campo
minado, e restos da bomba podem explodir anos depois, atingindo civis. Segundo cálculos
da Handicap International,
ONG que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1997, 98% das
mais de 100 mil vítimas registradas das bombas de fragmentação (mortes e feridos graves)
são civis, e 27%, crianças.
As negociações sobre o pacto
começaram por iniciativa da
Norugea no ano passado, e os
termos do acordo foram selados em encontro realizado em
Dublin (Irlanda), em maio.
O documento assinado ontem determina a interrupção
da produção atual e a eliminação dos estoques em até oito
anos. O texto também proíbe a
venda dos arsenais já existentes e pede a limpeza rápida das
áreas contaminadas.
Mas não impede que países
signatários lutem em conflitos
ao lado de governos de fora do
acordo -o que é considerado
uma vitória para os EUA.
Para ressaltar a importância
do acordo, vários países signatários enviaram seus chanceleres, como França e Espanha.
Países não-signatários mandaram emissários em nível inferior. O Brasil, representado
pelo embaixador na Noruega,
Sergio Moreira Lima, justificou
o fato de não aderir ao tratado
com o argumento de que o tema deveria ser debatido no âmbito da ONU, e "não em uma
convenção informal".
A ONG Human Rights Watch
vê como motivo o fato de o Brasil ter fabricantes de armas de
dispersão, como Avibras, Ares e
Target, que exportam sobretudo ao Oriente Médio.
Com agências internacionais
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