São Paulo, sábado, 05 de janeiro de 2008

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Votação de várias fases lembra show de auditório

Em caucus democrata de distrito escolar, coordenador faz piadas e anima eleitores

Líderes, aos gritos, disputam preferência dos presentes para os aspirantes a presidente dos EUA; partido também colhe doações

DO ENVIADO ESPECIAL A DES MOINES

O caucus do Partido Democrata é tão complicado que os candidatos tiveram que fazer campanha na internet explicando que "caucus é fácil". Clicando no link, o eleitor tinha acesso a uma listinha longa de regras, que incluíam fórmulas matemáticas.
"Aí eu vou para o lado dos eleitores do Joe Biden mas, se ele não ganhar, eu escolho outro candidato, é isso?", perguntava o estudante de direito John Ewing, 23, que votava pela primeira vez na vida, em um distrito da Valley High School, na capital Des Moines. Na sala apertada da escola, eleitores se aglomeravam, de bom humor.
Ewing estava parcialmente certo. Se seu candidato não conseguisse unir 15% do total de presentes, o grupo deveria ser desfeito e seus membros escolher outros candidatos.
Não é preciso mostrar algum documento para entrar. Quem impede que eleitores menores de idade, de outros Estados ou repórteres votem? Ao menos na escola Valley, ninguém.
Ao microfone, um responsável por coordenar o pleito, nomeado na hora pelos presentes, faz piadas e grita muito -os eleitores, de bom humor, respondem com risos e aplausos, em um uníssono que lembra claque de programas de auditório, como vários dos outros acontecimentos da sala.
Primeiro passo: contar quantas pessoas há na sala. Os próprios eleitores se contam. Um por vez, levantando a mão e dizendo "um", "dois", "três"... Até que, na sala, chega-se a 437. O responsável pela eleição faz as contas e diz: 15% dá 66. Para aproveitar o público, o Partido Democrata manda passar um saco plástico para recolher doações. E lá vão os dólares passando entre a pequena multidão aglomerada.

Vestiário
E então começa a votação. Eleitores de Obama devem ir para a quina do fundo da sala. Eleitores de Hillary devem entrar no vestiário. Eleitores de Joe Biden, como Ewing, ficam em qualquer lugar no meio do salão, já que não chegam a 30 pessoas. Hora da contagem.
Apenas os candidatos Barack Obama, Hillary Clinton e John Edwards conseguem reunir mais de 66 eleitores. Começa então a disputa pelos sem-grupo, no grito -e também nas palmas. "Obama! Obama! Obama!", "Hillary! Hillary! Hillary!", "Edwards! Edwards! Edwards!", berram eleitores de todos os lados, enquanto indecisos circulam pelo salão.
Alguns representantes vão até a eles para convencê-los, o que pode ser definitivo para levar o voto daquele distrito. Não na escola Valley, onde Barack Obama venceu na primeira contagem e a também na segunda, terminando ali com 200 dos 437 votos.
O caucus republicano é mais simples: as pessoas se reúnem em uma sala e vence quem tiver a maioria dos votos. Os eleitores levantam aos mãos para mostrar quem apóiam ou, quando há muita gente, escrevem o voto num papel.


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