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Veto israelense motiva apelos de jornalistas à criatividade
DO ENVIADO A SDEROT
A cena é no mínimo insólita:
espremidos em uma pequena
colina, diante de uma bucólica
paisagem que inclui campos
verdejantes, vacas e cavalos,
dezenas de jornalistas acompanham de longe uma concentração urbana de onde sobem colunas de fumaça e ecoam explosões em breves intervalos.
O veto imposto por Israel à
entrada da imprensa na faixa
de Gaza tem forçado a multidão
de jornalistas de todo o mundo
que chegou ao país a abusar da
criatividade para cobrir os confrontos de longe.
Para os acostumados a acompanhar conflitos de perto, a situação é motivo de revolta e
frustração.
"É absurdo", diz Ben Wederman, veterano correspondente
da CNN no Oriente Médio, que
passa horas na colina aguardando o chamado para entrar
no ar. "Não dá para acreditar no
argumento israelense de que a
proibição é por motivos de segurança. Me parece óbvio que o
objetivo é limitar a cobertura."
Wederman, assim como a
maioria dos jornalistas que invadiram o sul de Israel na última semana, tem recorrido a colaboradores que estão em Gaza
para fazer um relato com o mínimo de veracidade do que está
ocorrendo. É também o que faz
a reportagem da Folha, que
tem conversado por telefone
com moradores de Gaza para
colher detalhes da ofensiva.
Wael Alqarra, que trabalha
em uma organização humanitária em Gaza, contou ontem
que os ataques israelenses aumentaram ainda mais a sensação de claustrofobia. "Não saímos de casa há uma semana.
No máximo vamos até a esquina, quando o mercado está
aberto", disse.
Ironicamente, enquanto o
veto israelense impede que as
grandes redes de notícias como
a CNN informem o que acontece ao mundo, em Gaza a presença de três jornalistas da rede Al Jazeera, que já estavam
no território quando a ofensiva
começou, mantém a população
local informada.
"Temos todos os outros canais, mas nenhum se compara
à Al Jazeera", diz Wael.
(MN)
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