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Candidato à Presidência foi chefe de levante
DOS ENVIADOS AO SURINAME
Diversas lendas estão associadas a Ronnie Brunswijk. Teria mais de cem filhos e dezenas de mulheres.
Seria proprietário de mais de
70 casas e de inúmeros carros de luxo. Teria sobrevivido a três acidentes aéreo e a
um paraquedas que não
abriu.
Parte delas é confirmada
pelo próprio. À Folha ele negou ser pai de 104 filhos, como dissera antes um assessor. "São 86. Terei mais 40 e
daí paro."
Em 1986, aos 27 anos, o carismático militar em início
de carreira levantou comunidades maroons em todo o
país contra o governo do ditador socialista Desí Bouterse, de quem era até então
guarda-costas. Uma guerra
civil sangrenta durou cinco
anos, com incontáveis episódios de massacres de negros,
índios e mestiços, sobretudo
na selva amazônica.
Com o acordo de paz, entrou para a política e já concorreu quatro vezes à Presidência do Suriname (perdeu
todas). Tornou-se megaempresário, com quatro concessões de garimpo, em que
quase todos os funcionários
são brasileiros. Possui ainda
serrarias na floresta.
Ele não pode pisar na Holanda, a ex-metrópole do Suriname, que o condenou por
tráfico de drogas. Nega a
acusação e sustenta que ela é
"política".
Brunswijk cita Lula como
exemplo de bom governante,
mas também se diz admirador do venezuelano Hugo
Chávez. "É um bom sujeito".
Ele mantém uma base leal
no Exército e tem um pé no
governo. Seu partido, ABOP,
controla três ministérios.
Populista assumido, cultua o apoio dos maroons distribuindo comida e remédios
e organizando um torneio de
futebol (a "Brunsi Cup"). É
proprietário de quatro times
no Suriname e recentemente construiu um estádio.
"Agora, quero fazer um Maracanã", diz.
Ele recebeu a Folha em
uma de suas casas, num bairro residencial de Paramaribo, usando três vistosas correntes de ouro maciço no
pescoço, além de um chapelão ao estilo Manuel Zelaya.
A entrevista atrasou uma hora e meia. Brunswijk estava
dormindo.
(JCM e FZ)
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