São Paulo, terça-feira, 05 de janeiro de 2010

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Candidato à Presidência foi chefe de levante

DOS ENVIADOS AO SURINAME

Diversas lendas estão associadas a Ronnie Brunswijk. Teria mais de cem filhos e dezenas de mulheres. Seria proprietário de mais de 70 casas e de inúmeros carros de luxo. Teria sobrevivido a três acidentes aéreo e a um paraquedas que não abriu.
Parte delas é confirmada pelo próprio. À Folha ele negou ser pai de 104 filhos, como dissera antes um assessor. "São 86. Terei mais 40 e daí paro."
Em 1986, aos 27 anos, o carismático militar em início de carreira levantou comunidades maroons em todo o país contra o governo do ditador socialista Desí Bouterse, de quem era até então guarda-costas. Uma guerra civil sangrenta durou cinco anos, com incontáveis episódios de massacres de negros, índios e mestiços, sobretudo na selva amazônica.
Com o acordo de paz, entrou para a política e já concorreu quatro vezes à Presidência do Suriname (perdeu todas). Tornou-se megaempresário, com quatro concessões de garimpo, em que quase todos os funcionários são brasileiros. Possui ainda serrarias na floresta.
Ele não pode pisar na Holanda, a ex-metrópole do Suriname, que o condenou por tráfico de drogas. Nega a acusação e sustenta que ela é "política".
Brunswijk cita Lula como exemplo de bom governante, mas também se diz admirador do venezuelano Hugo Chávez. "É um bom sujeito". Ele mantém uma base leal no Exército e tem um pé no governo. Seu partido, ABOP, controla três ministérios.
Populista assumido, cultua o apoio dos maroons distribuindo comida e remédios e organizando um torneio de futebol (a "Brunsi Cup"). É proprietário de quatro times no Suriname e recentemente construiu um estádio. "Agora, quero fazer um Maracanã", diz.
Ele recebeu a Folha em uma de suas casas, num bairro residencial de Paramaribo, usando três vistosas correntes de ouro maciço no pescoço, além de um chapelão ao estilo Manuel Zelaya. A entrevista atrasou uma hora e meia. Brunswijk estava dormindo. (JCM e FZ)


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