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Chávez celebra golpe frustrado de 1992 com 10 mil nas ruas
Presidente venezuelano, que tentou destituir o governo de Carlos Andrés Pérez, se diz "filho do raio que dividiu o país'
Companheiros da época, como atual embaixador do país na ONU, apareceram em uniforme militar; marcha foi transmitida por TV e rádio
Francesco Spotorno/Reuters
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Manifestantes empunham boneco gigante de Chávez em manifestação que atraiu quase 10 mil |
DA REDAÇÃO
O presidente venezuelano,
Hugo Chávez, comandou ontem um desfile cívico-militar
em comemoração do aniversário de um golpe que liderou em
1992 contra o então presidente
Carlos Andrés Peréz. Vestindo
vermelho e gritando "o povo
unido jamais será vencido",
9.800 chavistas -de acordo
com dados militares- acompanhavam o mandatário.
"Após 15 anos, aqui estamos
nós: o povo e os soldados juntos", disse Chávez em seu discurso. Também usou uma frase
que ficou famosa na boca de seu
aliado Fidel Castro: "A história
nos absolverá". Na sexta-feira,
ele havia dito que celebraria os
15 anos "daquele raio que partiu a história da Venezuela em
duas". "Sou filho daquele raio."
O presidente continuou: "Os
soldados comprometidos estamos com o povo na construção
do socialismo bolivariano do
século 21, único caminho para
tornar realidade os sonhos
mais sublimes de nossa pátria".
Um manifestante -chamado
de homem invisível, por sua capacidade de se infiltrar em outros atos oficiais- foi retirado
de trás de Chávez por forças de
segurança. Ele gritava, mas não
foi possível escutar o que.
O vice-presidente Jorge Rodríguez afirmou que a data é celebrada por marcar "o nascimento da esperança". "O vento
da liberdade daquele 4 de fevereiro semeou todos os cantos
da pátria, e a pátria que temos
agora é conseqüência das lutas
populares que ocorreram ao
fim das décadas de 80 e de 90."
A marcha cruzou Caracas até
atingir o forte Tiuna, sede do
ministério da Defesa, onde encontrou soldados prontos para
um desfile. Com seu uniforme
verde, a faixa presidencial e a já
tradicional boina vermelha,
Chávez chegou em um carro
aberto, de onde saudava os espectadores. A marcha foi transmitida por rádio e televisão.
O presidente também conversou com oficiais da Força
Armada Nacional e com ex-companheiros do golpe, entre
eles Francisco Arias Cárdenas,
atual embaixador da Venezuela
na ONU. Cárdenas também
vestia uniforme militar.
Um homem carregava um
pôster onde se lia: "Revolução,
sim! Imperialismo, não!" Dezenas de chavistas dançavam
atrás de um caminhão de som
-o refrão mais tocado era "Não
queremos gringos aqui".
A festa contou com aviões
comprados da Rússia recentemente, enquanto soldados desfilavam ao lado de tanques.
"Aplaudimos a rebelião liderada por Chávez", disse o funcionário público municipal
Gregorio Muñóz, 34. "Ele deu
ao povo esperança de mudanças e, agora, está mudando nosso país pelo socialismo."
A secretária Anita Colmenares, 45, disse que Chávez "tenta
transformar um evento trágico
em algo grandioso". Ao assistir
à marcha de longe, opinou: "Está levando o país ao precipício".
15 anos antes
Mais de 80 civis e 17 soldados
-os dados oficiais dizem que
foram 14 pessoas- morreram
no dia 4 de fevereiro de 1992
quando tropas leais a Carlos
Andrés Peréz enfrentaram manifestantes liderados por Chávez, que acabou preso.
Depois de fracassar, o então
tenente-coronel foi à TV dizer
que, até aquele momento, não
havia obtido poder, mas que
continuaria em sua busca. Em
1994, o presidente Rafael Caldera determinou sua libertação. Chávez viajou pela Venezuela e ganhou o apoio que o levou à Presidência em 1999.
Chávez celebra o aniversário
do golpe todos os anos desde
que assumiu como presidente.
A oposição acusa o governo de
dar aos participantes transporte, camisetas e comida.
Para o ministro de Agricultura e Terras, Elías Jaua Milano,
o dia 4 de fevereiro de 1992
"marcou o início da unidade
popular baseada na necessidade de resgatar a pátria, resgatar
a soberania nacional e libertar
o povo da pobreza". "O povo está na rua, uma força armada cada vez mais compenetrada com
o objetivo da revolução social,
econômica e política que estamos levando adiante."
Com agências internacionais
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