São Paulo, terça-feira, 05 de fevereiro de 2008

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"Nunca prendi brasileiro", diz mineiro

DO ENVIADO AO ARIZONA

A Border Patrol, a patrulha da fronteira americana tão temida pelos imigrantes, não se posiciona oficialmente sobre política e eleições.
Segundo o relato de um patrulheiro brasileiro ouvido pela Folha, "a maioria da corporação é republicana, mas não dá pra identificar ainda uma preferência", disse ele, que pediu anonimato -pois os integrantes do órgão são orientados a não comentar o tema.
"Lá dentro tem mais conservadores. A maioria das classes estabelecidas está sempre com os republicanos, enquanto os mais pobres preferem os democratas. O fato de o McCain, entre os candidatos republicanos, ser o mais favorável aos imigrantes não é necessariamente ruim para ele, porque na própria patrulha existem muitos imigrantes, como eu."
Nascido no interior de Minas, o policial está há 15 anos nos Estados Unidos e adquiriu cidadania americana em 1999. Há dois anos entrou, por concurso, na Border Patrol. Recebe US$ 50 mil - cerca de R$ 87,2 mil- por ano ("mas todo ano aumenta") e cumpre atividades variadas, entre elas as rondas na fronteira em busca de imigrantes.
"Quase todo dia estamos nos escuros do deserto correndo atrás de grupo", conta. "Felizmente nunca prendi um brasileiro. Acho que estão todos passando pelo Texas agora."
Ele descreve com melancolia as desgraças que já presenciou na função. "Nunca vi ninguém morrendo na minha frente na hora, mas já encontrei gente morta. Normalmente é de calor e sede." Só em junho passado, no último verão americano, ele diz, foram achados mais de 20 corpos na região coberta por seu grupo.
O policial brasileiro vai votar nas primárias de hoje. Está registrado como democrata, mas não significa que votará no partido em novembro.
"É que na época [em que se registrou] minha situação financeira estava muito ruim, e os democratas ajudam muito a classe baixa. Mas, do ponto de vista religioso, eles são liberais demais par ao meu gosto", diz ele, que é protestante.
"Olho o candidato, não o partido." Por isso mesmo, afirma, votou em George W. Bush em 2004. "Era o menos ruinzinho". Diz estar indeciso sobre em quem votará hoje, mas tende para Obama. (FV)


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