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"Nunca prendi brasileiro", diz mineiro
DO ENVIADO AO ARIZONA
A Border Patrol, a patrulha
da fronteira americana tão
temida pelos imigrantes, não
se posiciona oficialmente sobre política e eleições.
Segundo o relato de um patrulheiro brasileiro ouvido
pela Folha, "a maioria da
corporação é republicana,
mas não dá pra identificar
ainda uma preferência", disse ele, que pediu anonimato
-pois os integrantes do órgão são orientados a não comentar o tema.
"Lá dentro tem mais conservadores. A maioria das
classes estabelecidas está
sempre com os republicanos, enquanto os mais pobres preferem os democratas. O fato de o McCain, entre os candidatos republicanos, ser o mais favorável aos
imigrantes não é necessariamente ruim para ele, porque
na própria patrulha existem
muitos imigrantes, como
eu."
Nascido no interior de Minas, o policial está há 15 anos
nos Estados Unidos e adquiriu cidadania americana em
1999. Há dois anos entrou,
por concurso, na Border Patrol. Recebe US$ 50 mil -
cerca de R$ 87,2 mil- por
ano ("mas todo ano aumenta") e cumpre atividades variadas, entre elas as rondas
na fronteira em busca de
imigrantes.
"Quase todo dia estamos
nos escuros do deserto correndo atrás de grupo", conta.
"Felizmente nunca prendi
um brasileiro. Acho que estão todos passando pelo Texas agora."
Ele descreve com melancolia as desgraças que já presenciou na função. "Nunca vi
ninguém morrendo na minha frente na hora, mas já
encontrei gente morta. Normalmente é de calor e sede."
Só em junho passado, no último verão americano, ele
diz, foram achados mais de
20 corpos na região coberta
por seu grupo.
O policial brasileiro vai votar nas primárias de hoje.
Está registrado como democrata, mas não significa que
votará no partido em novembro.
"É que na época [em que
se registrou] minha situação
financeira estava muito
ruim, e os democratas ajudam muito a classe baixa.
Mas, do ponto de vista religioso, eles são liberais demais par ao meu gosto", diz
ele, que é protestante.
"Olho o candidato, não o
partido." Por isso mesmo,
afirma, votou em George W.
Bush em 2004. "Era o menos
ruinzinho". Diz estar indeciso sobre em quem votará hoje, mas tende para Obama.
(FV)
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