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Movimento "Tea Party" busca inspirar Partido Republicano
Conservadores, que fazem convenção no Tennessee, querem livrar oposição de moderados
Radicalização, no entanto, pode acabar se voltando contra partido opositor nas urnas, já que independentes tendem a se alinhar ao centro
ANDREA MURTA
ENVIADA ESPECIAL A NASHVILLE (EUA)
Quando perdeu seu emprego
em uma empresa do ramo audiovisual em agosto último, a
americana Kathy Boatman, 47,
viu um lado positivo: poderia
ajudar a impedir a "tomada socialista" que crê que o presidente Barack Obama planeja
para o país. E a autointitulada
"teapublicana" -republicana
militante do movimento conservador "Tea Party"- já tem o
caminho para isso: "limpar" o
partido de oposição nos EUA
dos moderados.
Com esse objetivo, Boatman
deixou ontem o subúrbio de
Phoenix (Arizona) onde vive e
chegou a Nashville (Tennessee) para participar da primeira
Convenção Nacional do Movimento "Tea Party" -o nome é
referência à Festa do Chá de
Boston, protesto antitaxação
no século 18. O evento começou
ontem e vai até sábado.
"Há muita gente desencantada com os partidos", disse ela à
Folha. "Mas vamos trabalhar
de dentro do Partido Republicano para trazer de volta os valores conservadores. Queremos respeito à Constituição,
governo limitado, responsabilidade fiscal e pessoal."
Sua receita, porém, está longe da unanimidade. Entre as
florestas artificiais e o luxo desavergonhado do hotel que sedia a convenção, repórteres e
participantes do movimento
não param de discutir este que
promete ser o maior dilema da
oposição: o "Tea Party", que
vem se tornando a mais ruidosa
oposição ao governo Obama,
ajudará o Partido Republicano
ou o afundará de vez?
"A base republicana é formada por conservadores, mas essa
não é a fórmula para ganhar
eleições", disse à Folha o analista político Thomas Mann, do
Instituto Brookings. E enquanto o movimento já é mais bem
avaliado do que os partidos Republicano e Democrata, o Instituto Pew de Pesquisas alerta
que, historicamente, independentes e indecisos -que poderão fazer a diferença nas eleições legislativas de novembro- são atraídos pelo centro e
não por extremistas.
Boa parte dos ativistas, porém, prefere ignorar as tendências. Jeffrey McQueen é um deles. Como Boatman, ele perdeu
o emprego em 2009 e passou a
apoiar a rede de conservadores.
"Sempre tivemos esse campo
de batalha com republicanos
de um lado e democratas do
outro", disse ele à Folha. "O
movimento "Tea Party" chega
para reunificar o país. As lideranças estão apavoradas porque as pessoas estão começando a pensar como americanos
em vez de republicanos ou democratas pela primeira vez."
Apavorado ou não, o Partido
Republicano já deu mostras
abertas de cisma. No dia 29, a
proposta de defensores do "Tea
Party" de criar um teste para a
"pureza" dos políticos do partido provocou discussões ásperas em encontro do partido.
Pela proposta do republicano James Bopp, quem não concordasse com ao menos 8 de 10
mantras conservadores (como
direito de portar armas e oposição ao casamento gay) não teria apoio financeiro da legenda.
Ao final, um texto mais leve
foi aprovado. Não haverá teste
de dez pontos, mas comitês deverão examinar histórico de
votos de candidatos antes de
oferecerem financiamento.
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