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IRAQUE SOB TUTELA
Jornalista italiana ia ao aeroporto após um mês de seqüestro; americanos dizem que tentaram parar carro
EUA abrem fogo contra refém libertada
DA REDAÇÃO
A jornalista italiana Giuliana
Sgrena, 57, foi libertada ontem no
Iraque após um mês de seqüestro,
mas o momento de alívio acabou
quando forças dos EUA atiraram
contra o carro que a levava ao aeroporto em Bagdá. Um agente da
inteligência italiana morreu, e
Sgrena foi ferida no ombro.
Sgrena, repórter do jornal de esquerda "Il Manifesto", estava em
um carro com três agentes da inteligência italiana a caminho do
aeroporto, de onde seguiria para
Roma. Em uma barreira na estrada, um veículo blindado dos EUA
abriu fogo contra o carro.
O editor do "Il Manifesto", Gabriele Polo, afirmou que o agente
morreu quando se jogou sobre
Sgrena para protegê-la dos tiros.
Os outros dois agentes ficaram feridos. Sgrena foi levada a um hospital em Bagdá, onde faria uma
operação para retirar estilhaços
de seu ombro.
O premiê italiano, Silvio Berlusconi, aliado de George W. Bush,
pediu explicação aos EUA. "Como o fogo veio das forças americanas, eu decidi chamar o embaixador americano imediatamente.
Acho que devemos ter uma explicação sobre um incidente tão sério, pelo qual alguém tem de ser
responsabilizado." A Itália enviou
3.000 homens ao Iraque.
Em telefonema a Berlusconi,
Bush expressou pesar pelo incidente, segundo o porta-voz da
Casa Branca, Scott McClellan. "O
presidente assegurou que seria
amplamente investigado. Estamos cooperando com as autoridades italianas", disse.
"Forças multinacionais atiraram em um veículo que se aproximava de um posto de controle em
Bagdá em alta velocidade", afirmou um porta-voz do Departamento da Defesa, Bryan Whitman. Em uma declaração da Terceira Divisão de Infantaria do
Exército em Bagdá, militares
americanos afirmam que soldados dos EUA tentaram avisar os
ocupantes do carro para que parassem, mas o veículo não diminuiu a velocidade. Eles então teriam atirado no motor, o que fez
com que o carro parasse, causando a morte do agente.
"Essa notícia, que deveria ser
um momento de celebração, foi
arruinada por esses tiros", disse
Polo à TV Sky Italia. "Um agente
italiano foi morto por uma bala
americana. Uma demonstração
trágica, que nunca quisemos, de
que tudo o que está acontecendo
no Iraque é sem lógica e maluco."
O presidente italiano, Carlo
Azeglio Ciampi, mandou suas
condolências à família do agente
da inteligência morto, identificado como Nicola Calipari. Ele teria
liderado as negociações para soltar Sgrena.
Julgamento
Um ministro italiano concordou em ser testemunha da defesa
no julgamento de Tariq Aziz, que
foi vice-premiê e chanceler do Iraque durante o governo do ditador
Saddam Hussein.
"Os advogados dele me ligaram,
e eu disse sim", afirmou Rocco
Buttiglione, ministro dos Assuntos Europeus, segundo o jornal
"La Repubblica". Outro jornal italiano, o "Corriere della Sera", citou um porta-voz de Buttiglione
afirmando que ele "se dispôs a
testemunhar sobre o papel moderado que Tariq Aziz teve em relação a Saddam Hussein". O gabinete do ministro ainda não confirmou a informação.
Outros ataques
Um soldado búlgaro foi morto a
tiros ontem na região central do
Iraque. Insurgentes mataram
também o chefe de polícia de Budayr. Um carro-bomba em Baquba deixou um morto. Três insurgentes foram mortos em conflito
com tropas dos EUA em Baghdadi. Em Wihda, moradores atacaram um grupo de insurgentes,
matando sete. Eles supostamente
planejavam atacar a cidade.
Com agências internacionais
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