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GUERRA SEM LIMITES
Presidente visita o ditador Musharraf, elogia seu empenho e não o pressiona por mais democracia
Bush afaga Paquistão por guerra ao terror
DA REDAÇÃO
O presidente George W. Bush
disse ontem estar convencido da
determinação do Paquistão no
combate ao terrorismo islâmico.
Em sua curta passagem por
aquele país, ele evitou criticar o
ditador Pervez Musharraf por não
ter conseguido desmantelar os
campos de treinamento da Al
Qaeda, existentes possivelmente
na fronteira com o Afeganistão. E
não fez declarações contundentes
em favor da democracia para não
constranger seu anfitrião.
Referindo-se ao terrorismo,
afirmou que "venceremos juntos
essa luta". Disse também que,
"embora tenhamos muitas tarefas
a cumprir, é importante que prossigamos na caça", menção às bases terroristas que talvez abriguem Osama bin Laden.
Apesar da ditadura existente
-Musharraf é um general que se
amparou do poder num golpe de
Estado em 1999- Bush acredita,
diz a Reuters, que o governante
tem favorecido um contorno tolerante e moderado ao seu país.
Procurando não colocar seu anfitrião numa posição incômoda
-eles conversaram a portas fechadas por 60 minutos, em Islamabad-, o presidente americano exprimiu o desejo de que as
eleições marcadas para o ano que
vem sejam "abertas e honestas".
Disse também acreditar "que a
democracia seja o futuro do Paquistão", sem, no entanto, aprofundar na questão.
Musharraf, que também participou da entrevista coletiva, defendeu os avanços que promoveu
na abertura de seu regime, citando a existência de uma imprensa
mais livre, de um Parlamento eleito e o fato de as mulheres terem
hoje mais direitos.
Enquanto Bush ainda se encontrava no país, o governo determinou a prisão de Imran Khan, líder
de um pequeno partido de oposição e bastante popular por ter sido treinador de um time de críquete. Khan qualificou Musharraf
de "escravo dos americanos".
Durante a tarde, nos jardins da
embaixada americana, Bush deixou que os fotógrafos registrassem sua primeira tentativa no críquete, um esporte popular no Paquistão, ex-colônia britânica.
Bush também se esforçou para,
a partir de Islamabad, capital de
um Estado islâmico, atrair as simpatias do mundo muçulmano.
Mencionou a assistência do governo americano nas operações
pelas vítimas do terremoto de outubro último, que matou 86 mil
pessoas e deixou outras 2 milhões
desabrigadas. "Estamos orgulhosos por ajudá-los", afirmou, ao visitar viúvas e órfãos do terremoto.
Seu gesto coincide com um forte sentimento anti-Estados Unidos entre os paquistaneses, em razão da presença militar americana no Iraque.
As medidas de segurança durante a visita de Bush foram draconianas. Na véspera de sua chegada um atentado matou um diplomata americano em Karachi.
Três helicópteros protegiam o automóvel do presidente americano
quando ele deixou a fortaleza da
Embaixada de seu país para se dirigir ao palácio presidencial.
Indagado se favoreceria o Paquistão com tecnologia nuclear
semelhante à que prometeu à Índia -país que visitou nos três
dias precedentes-, Bush disse
não ser o caso, porque os dois países "têm histórias diferentes".
O Paquistão, a exemplo da Índia, tem a bomba atômica. Mas
seu papel na proliferação nuclear
tem sido bem mais vergonhoso,
em razão da descoberta, há dois
anos, de que o chefe de seus cientistas nucleares, A.Q. Khan, era
também, paralelamente, o líder
de uma rede mundial de tráfico de
componentes para reatores e
enriquecimento de urânio.
Bush não fez objeções ao projeto de construção de um gasoduto
que permitiria à Índia e ao Paquistão receber o combustível do
Irã. "Nosso problema com o Irã
não é o gasoduto, mas seus planos
de desenvolver armas atômicas."
O presidente americano embarcou de volta a Washington depois
de um jantar de gala no palácio.
Com agências internacionais
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