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memória
Disputa por terra arável gerou conflito
CLARA FAGUNDES
DA REDAÇÃO
O conflito em Darfur
opõe grupos rebeldes da
região e milícias nômades
Janjaweed, ligadas ao governo, que disputam as escassas terras férteis. Em
2003, três povos locais insurgiram-se contra o governo, desencadeando
uma brutal campanha de
repressão, com apoio dos
Janjaweed, grupo de língua árabe.
Os Janjaweed expropriaram as terras das comunidades locais, forçando o deslocamento de
mais de 2 milhões de aldeões -5% da população
sudanesa-, muitos refugiados no Chade. Cerca de
300 mil pessoas morreram no conflito.
O fluxo de refugiados
agravou tensões com o
Chade, que acusa os milicianos de apoiarem insurgentes no país e de atacarem aldeias na fronteira. O
ditador do Chade, Idriss
Déby, é de etnia zaghawa
-um dos povos rebelados
em Darfur. Um conflito internacional aberto, porém, poderia ser fatal para
os dois governos, desgastados por lutas internas.
Os principais grupos rebeldes de Darfur, o Exército de Libertação do Sudão
(ELS) e o Movimento Justiça e Igualdade (MJI) estão cindidos em várias facções, minando sucessivas
iniciativas de paz.
A despeito das iniciativas de paz e da presença de
Unamid, missão da ONU e
da União Africana, os conflitos persistem. "Não se
pode falar em "processo de
paz" em Darfur", diz Reed
Brody, da Human Rights
Watch. "A guerra dura seis
anos e recrudesceu nos últimos meses."
Alinhadas no combate a
Cartum, o ELS e o MJI
têm origens distintas e
mantêm sua própria identidade e ideologia.
O ELS surgiu no final
dos anos 80, recrutando
milícias de autodefesa que
reagiam ao crescente assédio de nômades às terras
comunitárias, durante a
seca que varria o Sudão e o
Chifre da África. Desde então, o índice pluviométrico na região caiu 40%,
agravando as disputas por
recursos, segundo a ONU.
Islamista, o MJI surgiu
de disputas internas do
governo, com a deserção
de Hassan al Turabi, líder
da Frente Nacional Islâmica, que apoiara o golpe
de Bashir em 1989. Turabi
e seus partidários, sobretudo muçulmanos do sul,
foram ostracizados em
1999, após apoiarem uma
lei que reduzia os poderes
da Presidência. Eles acusam os árabes de monopolizarem a riqueza.
Cartum afirma não ter
controle sobre os milicianos Janjaweed, armados e
treinados pelo regime. O
líder da milícia, acusado
de crimes de guerra e crimes contra a humanidade,
está preso no Sudão, que
não reconhece a autoridade do Tribunal Penal Internacional.
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