São Paulo, sexta-feira, 05 de março de 2010

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Depois de deixar Haiti após tremor, família sobrevive também a sismo chileno

DA ASSOCIATED PRESS

A família Desarmes deixou o Haiti duas semanas após o devastador terremoto de 12 de janeiro, juntando-se a seu filho mais velho, no Chile, em busca de um refúgio do caos reinante em Porto Príncipe.
Seu sentimento de segurança durou apenas um mês. Desmoronou às 3h43 do sábado, quando um dos terremotos mais fortes da história sacudiu uma parte do Chile.
Todos os integrantes da família Desarmes sobreviveram aos dois terremotos. Mas, sentindo-se duas vezes amaldiçoada, a família hoje dorme no quintal da casa que o filho mais velho, Pierre, conseguiu ao sul de Santiago.
"Deixei meu país e vim para cá devido a um terremoto", disse a estudante Seraphin Philomene, 21, prima de Pierre. "E aconteceu a mesma coisa aqui."
Pierre, 34, conseguiu tirar sua família do Haiti graças a contatos pessoais que tinha na Embaixada do Chile em Porto Príncipe e nas Forças Armadas chilenas. Nove membros de sua família chegaram a Santiago em 23 de janeiro em um avião da Força Aérea chilena.
Vocalista de uma banda de reggaeton haitiano no Chile, Pierre ainda se emociona quando recorda o momento em que viu sua família desembarcando do avião.
"Quando acontecem os tremores secundários, eles se recusam a ficar dentro de casa", conta Pierre sobre os parentes. "Fico dizendo: "Aqui não há problemas, é um país preparado para terremotos". Mas eles não me dão ouvidos. Psicologicamente, ainda estão profundamente afetados."
Um dos irmãos de Pierre, Stanley, 32, se sente profundamente abalado. Pai de Nelia, 2, ele se preocupa com a segurança de sua família e está pensando em transferi-la mais uma vez.
"Não sei o que vou fazer, mas ficar não é possível", disse ele. "Posso morrer e posso perder minha família. Tenho de ir embora. Não sei para onde, não sei como. Mas não quero morrer aqui."
Seraphin, sua prima, quer ficar no Chile e tem a esperança de trazer o resto de sua família para o país. Sua mãe, seu pai, duas irmãs e um irmão ainda estão em Cap-Haitien, cidade do norte do Haiti.
O pai de Seraphin, Luigene Philomene, ficou extático ao ouvir que sua filha estava em segurança. Agora ele acha que ela conta com proteção divina. "Deus está nos protegendo. Nossa família não morreu no Haiti. Nem vai morrer no Chile."


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