São Paulo, Sexta-feira, 05 de Março de 1999
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ABRINDO O JOGO
Entrevista na TV da ex-estagiária da Casa Branca é vista por 70 milhões de pessoas, mas não bate recorde
Lewinsky tem maior audiência do ano

MARCELO DIEGO
de Nova York

A audiência do programa "20/ 20", que exibiu a primeira entrevista de Monica Lewinsky para os EUA, anteontem, foi a maior do ano, com cerca de 70 milhões de espectadores. Os dados são do Instituto Nielsen.
Cerca de 63% das pessoas que assistiam televisão no horário do programa, entre as 21h e 23h (23h de quarta e 1h de ontem, em Brasília), viam a entrevista comandada por Barbara Walters, na ABC.
Bate de longe o até então programa mais visto de 1999: "ER" ("Plantão Médico"), com 33 milhões na semana passada. Mas está longe de recordes históricos. O final da série humorística "Seinfeld", em maio de 98, teve cerca de 100 milhões de espectadores.
Foi a primeira entrevista à TV da ex-estagiária da Casa Branca, que teve um relacionamento amoroso com o presidente Bill Clinton. O escândalo quase levou ao afastamento do presidente.
Lewinsky, 25, falou sobre quase tudo, em um relato cronológico. Ela afirmou não gostar mais de Clinton, ter se sentido humilhada durante várias partes do processo de impeachment, mas que o caso deveria ter sido mantido entre ela e Clinton. "Não é do interesse de mais ninguém. Eu o amei como homem, não como presidente."
Um dos poucos segredos revelados na entrevista foi o aborto feito por ela. A gravidez, porém, era de um funcionário do Pentágono, identificado só como Thomas.
Na entrevista, Lewinsky não falou sobre a atuação do promotor independente Kenneth Starr.
No livro "Monica's Story" (A História de Monica), escrito por Andrew Morton, ela faz uma série de críticas a Starr. A obra chegou ontem às livrarias dos EUA.
Familiares dela estariam preocupados, pois acham que Starr pode pedir a anulação da imunidade de Lewinsky para processá-la.
Durante as investigações do caso Paula Jones (ex-funcionária pública de Arkansas, que acusava Clinton de assédio sexual), Lewinsky foi chamada a depor e afirmou que não havia tido um caso com Clinton. Depois, com evidências que provavam o contrário, Starr propôs um pacto: informações por imunidade.
Na obra, Lewinsky diz que foi humilhada no primeiro interrogatório, ocorrido em 16 de janeiro de 1998, no hotel Ritz-Carlton. Ela afirma ter pensado em se atirar pela janela do quarto (no décimo andar) tal era a pressão.
O escritório de Kenneth Starr não quis comentar as acusações. O promotor está sendo investigado pelo Departamento de Justiça dos EUA por suposta violação de regras federais.
Na TV, Lewinsky disse que seu maior temor no momento é perder a imunidade e ir para a cadeia.


O livro de Lewinsky pode ser comprado em sites da Internet, como o http://www.amazon.com e o http:// www.books.com


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