|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Radicais querem destruir opção de paz, diz britânica
Para chanceler Beckett, seqüestro de soldado israelense vai reverter avanços
No Brasil, ministra afirma que relação com o governo dos EUA é "geralmente benéfica" e diz que governo estuda saída do Iraque
CAROLINA VILA-NOVA
DA REDAÇÃO
O seqüestro do soldado israelense na faixa de Gaza é uma
tentativa de grupos radicais palestinos de impedir qualquer
chance de uma negociação de
paz com Israel, na avaliação da
chanceler do Reino Unido,
Margaret Beckett.
No Brasil nos últimos dois
dias, Beckett teve encontros
com o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva e o chanceler Celso Amorim, com quem discutiu
temas como mudança climática e desenvolvimento sustentável. "E nos compadecemos das
nossas seleções", disse, bem-humorada. Leia trechos da entrevista que Beckett deu à Folha ontem, em São Paulo.
![](http://www1.folha.uol.com.br/fsp/images/ep.gif)
FOLHA - O Irã tem alguns dias para
dizer se aceita ou não a oferta feita
pela comunidade internacional em
troca da suspensão de seu programa
nuclear. Que ações podem ser adotadas?
MARGARET BECKETT - A decisão
dos cinco membros permanentes [EUA, Reino Unido, China,
França e Rússia] e da Alemanha foi de suspender as ações
dentro do Conselho de Segurança e convidar o Irã a negociar e colocar uma série de propostas que tornariam vantajoso para o país negociar em vez
de perpetuar o conflito, dando
uma oportunidade real para
que eles atinjam os objetivos
que afirmam querer. Em outras
palavras, se o que o Irã quer é
acesso a um poderio nuclear civil moderno, há outras maneiras pelas quais pode obtê-lo no
lugar da que está empregando
agora. Se eles suspenderem
suas atividades aí veremos como chegar a um acordo negociado. A comunidade internacional acredita que exista uma
saída negociada para esse
dilema.
FOLHA - O Quarteto [EUA, Rússia,
ONU e União Européia] ainda pode
ter um papel importante de mediação no Oriente Médio?
BECKETT - O Quarteto deve continuar tendo um papel importante. Mas isso não é uma razão
para que outros países não contribuam. O Egito parece estar
envolvido nos diálogos sobre as
atuais dificuldades. Como no
caso do Irã, há uma grande
preocupação de toda a comunidade internacional e grande
pressão sobre israelenses e palestinos para agir da forma
mais contida possível e evitar
ações desproporcionais.
Pessoalmente, é absolutamente claro que as pessoas que
mataram dois soldados israelenses e seqüestraram um querem romper o potencial que havia de uma negociação pacífica.
Houve passos bem pequenos,
mas positivos, na direção correta. E as ações tomadas foram
uma tentativa de destruir a esperança de paz que esses passos representavam.
FOLHA - Tony Blair disse hoje [ontem] que poderia reduzir suas tropas no Iraque em 18 meses. Quais
são os planos britânicos de retirada?
BECKETT - Não vi em detalhes o
que o premiê disse, mas posso
dizer é que há um processo de
discussão no Iraque para avaliar em que momento a polícia
e as Forças Armadas iraquianas
estarão suficientemente equipadas e treinadas para assumir
o controle sobre a segurança.
Está sendo discutido em termos práticos a situação em cada uma das Províncias, e já foi
tomada a decisão para que uma
delas, Muthana, seja entregue
às forças iraquianas. A intenção
é que um processo similar
prossiga nas outras Províncias.
FOLHA - Quais são os prós e os contras do relacionamento que o Reino
Unido mantém com os EUA?
BECKETT - O lado bom das coisas é que o Reino Unido tem relações fortes com os EUA, e
acreditamos que esse relacionamento é em geral benéfico.
Por exemplo, Blair fez do combate à pobreza e da mudança
climática as prioridades na
nossa Presidência do G8 [grupo
dos países mais ricos e a Rússia]
no ano passado e, graças em
parte ao nosso relacionamento,
os EUA adotaram passos substanciais nesses assuntos, passos que eles talvez não tivessem
adotados se não tivessem sido
postos em uma situação em que
esses temas eram prioritários e
se não houvesse uma influência
positiva de pessoas aliadas e
não tão críticas.
O lado ruim é que toda vez
que alguém posiciona os EUA
sobre qualquer assunto, nos colocam junto, seja aquele o nosso lugar ou não [risos].
FOLHA - O resultado das investigações sobre a morte de Jean Charles
de Menezes deveria ter sido divulgado no mês passado.
BECKETT - Não tenho conhecimento disso. Essa é uma investigação independente. O governo não tem controle nem informação sobre ela.
FOLHA - O Protocolo de Kyoto entrou em vigor apesar dos EUA. Que
incentivos eles teriam para aderir a
um acordo pós-Kyoto?
BECKETT - Segurança energética
e segurança climática. São dois
lados da mesma moeda. Os
EUA não estão imunes às mudanças climáticas. Alguns Estados americanos na costa leste
estão começando a criar esquemas de troca de carbono em
projetos experimentais, a
maioria, aliás, sob governos republicanos. Um número grande de cidades americanas está
estabelecendo para si próprias
metas de carbono. Então há
uma movimentação.
Texto Anterior: Foco: Israel lembra 30 anos da operação que libertou 98 em aeroporto de Uganda Próximo Texto: Frases Índice
|