São Paulo, sábado, 05 de julho de 2008

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Sarkozy festeja colombiana e é criticado

DO ENVIADO A PARIS

"Devo tudo à França", derramou-se Ingrid Betancourt, na emotiva cerimônia que marcou seu desembarque ontem na base militar de Villacoublay, nos arredores de Paris. As declarações de amor de Ingrid a sua pátria adotiva, que se repetiriam ao longo do dia, foram correspondidas pelos franceses, em festa pelo desfecho de um drama que mobilizou o país.
Recebida pelo presidente Nicolas Sarkozy e sua mulher, a cantora Carla Bruni, Ingrid mal continha a emoção ao descer as escadas do avião enviado pelo governo francês para buscá-la. "Ingrid Betancourt, bem-vinda. A França lhe ama", disse Sarkozy, pouco após abraçar e dar um beijo no rosto da política colombiana.
Em um longo discurso de retribuição, ela agradeceu a Sarkozy, "este homem maravilhoso que trabalhou tanto por mim", e repetiu os elogios ao Exército colombiano e à "operação impecável" que a libertou e a mais 14 reféns.
Da base militar, a comitiva seguiu para o palácio presidencial, onde uma recepção com a presença de artistas franceses serviu de cenário para mais uma troca de elogios entre Sarkozy e Ingrid. Do lado de fora do Palácio do Eliseu, uma pequena multidão aguardava a chegada de Ingrid, com bandeiras da Colômbia e camisetas com o rosto da ex-candidata presidencial colombiana.
Em uma cerimônia na Prefeitura de Paris, mais declarações de amor. "Quero morrer em Paris", disse Ingrid, 46, que passou parte da juventude na França, onde o pai servia como diplomata. Mais tarde ela casaria com um francês, com quem teve dois filhos, obtendo a cidadania. Os dois se divorciaram, mas a ligação de Ingrid com a França se manteve forte.
A chegada de Ingrid era o assunto em cafés e restaurantes de Paris, em alguns sob o fundo musical de músicas colombianas. Mas o que uniu os franceses nos últimos anos já provoca divergências políticas. A ex-candidata presidencial socialista Ségolene Royal, derrotada em 2007 por Sarkozy, causou polêmica ao dizer que o presidente não merecia os louros pela libertação.
"Nicolas Sarkozy não teve nada a ver com esta libertação", disse Royal, criticando a suposta exploração política do episódio. "As negociações com a guerrilha colombiana foram inúteis e não obtiveram nada."
O governo reagiu imediatamente. "Foi uma falta total de dignidade", respondeu o premiê François Fillon. (MN)


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