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Sarkozy festeja colombiana e é criticado
DO ENVIADO A PARIS
"Devo tudo à França", derramou-se Ingrid Betancourt,
na emotiva cerimônia que
marcou seu desembarque
ontem na base militar de Villacoublay, nos arredores de
Paris. As declarações de
amor de Ingrid a sua pátria
adotiva, que se repetiriam ao
longo do dia, foram correspondidas pelos franceses, em
festa pelo desfecho de um
drama que mobilizou o país.
Recebida pelo presidente
Nicolas Sarkozy e sua mulher, a cantora Carla Bruni,
Ingrid mal continha a emoção ao descer as escadas do
avião enviado pelo governo
francês para buscá-la. "Ingrid Betancourt, bem-vinda.
A França lhe ama", disse Sarkozy, pouco após abraçar e
dar um beijo no rosto da política colombiana.
Em um longo discurso de
retribuição, ela agradeceu a
Sarkozy, "este homem maravilhoso que trabalhou tanto
por mim", e repetiu os elogios ao Exército colombiano
e à "operação impecável" que
a libertou e a mais 14 reféns.
Da base militar, a comitiva
seguiu para o palácio presidencial, onde uma recepção
com a presença de artistas
franceses serviu de cenário
para mais uma troca de elogios entre Sarkozy e Ingrid.
Do lado de fora do Palácio do
Eliseu, uma pequena multidão aguardava a chegada de
Ingrid, com bandeiras da Colômbia e camisetas com o
rosto da ex-candidata presidencial colombiana.
Em uma cerimônia na Prefeitura de Paris, mais declarações de amor. "Quero morrer em Paris", disse Ingrid, 46, que passou parte da juventude na França, onde o
pai servia como diplomata.
Mais tarde ela casaria com
um francês, com quem teve
dois filhos, obtendo a cidadania. Os dois se divorciaram,
mas a ligação de Ingrid com a
França se manteve forte.
A chegada de Ingrid era o
assunto em cafés e restaurantes de Paris, em alguns
sob o fundo musical de músicas colombianas. Mas o que
uniu os franceses nos últimos anos já provoca divergências políticas. A ex-candidata presidencial socialista
Ségolene Royal, derrotada
em 2007 por Sarkozy, causou polêmica ao dizer que o
presidente não merecia os
louros pela libertação.
"Nicolas Sarkozy não teve
nada a ver com esta libertação", disse Royal, criticando
a suposta exploração política
do episódio. "As negociações
com a guerrilha colombiana
foram inúteis e não obtiveram nada."
O governo reagiu imediatamente. "Foi uma falta total
de dignidade", respondeu o
premiê François Fillon.
(MN)
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