São Paulo, sábado, 05 de julho de 2008

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Ícone da direita, senador linha-dura Jesse Helms morre aos 86 nos EUA

DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK

Emoldurado por óculos de aros de chifre, que usou ao longo de boa parte de seus 52 anos de carreira política, o rosto do senador republicano Jesse Helms, morto ontem aos 86 anos, entra para a história americana como uma das imagens mais sisudas do conservadorismo do país no século 20.
Sua morte, por causas naturais, no asilo onde morava havia alguns anos, no interior de Dakota do Norte, mereceu amplo destaque nos EUA, que celebraram ontem 232 anos de independência.
Difícil para os que comentavam sua morte era listar todas as credenciais conservadoras do homem que foi um dos mentores da lei que endureceu o embargo comercial a Cuba em 1996 e que, durante sua vida pública, disparou contra ajuda a países pobres, programas de bem-estar social e foi acusado diversas vezes de racismo.
Em uma de suas frases famosas, Helms se opôs a verbas para prevenção e tratamento da Aids, ao argumentar: "Nada positivo aconteceu em Sodoma e Gomorra e é provável que nada positivo aconteça nos EUA se nosso povo sucumbir à defesa do estilo de vida homossexual".
Em 1968, ao escrever sobre grupos que protestavam contra a Guerra do Vietnã, fez a seguinte descrição dos manifestantes: "Olhe atentamente os rostos dessas pessoas. O que você verá, na maioria, são homens sujos com barba por fazer e jovens estranhas de cabelos pegajosos que não conseguem atenção de outro jeito".
Ao redigir projetos legislativos, Helms era ainda mais controverso. Em 1973, preparou uma emenda à lei de assistência ao exterior que vetava doações para organizações de planejamento familiar, que, segundo ele, "incentivavam" o aborto.
"Não vim a Washington para me dar bem com as pessoas nem para ganhar concursos de popularidade", dizia. Venceu todas as eleições para o Senado que disputou, de 1972 a 1996, mas nunca com votação acima de 55%.
Nascido na Carolina do Norte, filho de um policial, lutou na Segunda Guerra (1939-45) pela Marinha e trabalhou em rádios. Foi um dos principais assessores de campanha dos presidentes Richard Nixon (1969-74) e Ronald Reagan (1981-89), de quem era amigo e que o chamava de "pedra no sapato".
A quem dizia que seu coração era de pedra, seus simpatizantes lembravam que Helms adotara uma garota deficiente de nove anos após ler em um jornal ela dizer que, como presente de Natal, queria ganhar um pai e uma mãe. Com a mulher, Dorothy, teve mais dois filhos, sete netos e um bisneto.


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