|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
foco
Ícone da direita, senador linha-dura Jesse Helms morre aos 86 nos EUA
DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK
Emoldurado por óculos de
aros de chifre, que usou ao
longo de boa parte de seus 52
anos de carreira política, o
rosto do senador republicano Jesse Helms, morto ontem aos 86 anos, entra para a
história americana como
uma das imagens mais sisudas do conservadorismo do
país no século 20.
Sua morte, por causas naturais, no asilo onde morava
havia alguns anos, no interior de Dakota do Norte, mereceu amplo destaque nos
EUA, que celebraram ontem
232 anos de independência.
Difícil para os que comentavam sua morte era listar
todas as credenciais conservadoras do homem que foi
um dos mentores da lei que
endureceu o embargo comercial a Cuba em 1996 e
que, durante sua vida pública, disparou contra ajuda a
países pobres, programas de
bem-estar social e foi acusado diversas vezes de racismo.
Em uma de suas frases famosas, Helms se opôs a verbas para prevenção e tratamento da Aids, ao argumentar: "Nada positivo aconteceu em Sodoma e Gomorra e
é provável que nada positivo
aconteça nos EUA se nosso
povo sucumbir à defesa do
estilo de vida homossexual".
Em 1968, ao escrever sobre grupos que protestavam
contra a Guerra do Vietnã,
fez a seguinte descrição dos
manifestantes: "Olhe atentamente os rostos dessas pessoas. O que você verá, na
maioria, são homens sujos
com barba por fazer e jovens
estranhas de cabelos pegajosos que não conseguem
atenção de outro jeito".
Ao redigir projetos legislativos, Helms era ainda mais
controverso. Em 1973, preparou uma emenda à lei de
assistência ao exterior que
vetava doações para organizações de planejamento familiar, que, segundo ele, "incentivavam" o aborto.
"Não vim a Washington
para me dar bem com as pessoas nem para ganhar concursos de popularidade", dizia. Venceu todas as eleições para o Senado que disputou,
de 1972 a 1996, mas nunca
com votação acima de 55%.
Nascido na Carolina do
Norte, filho de um policial,
lutou na Segunda Guerra
(1939-45) pela Marinha e
trabalhou em rádios. Foi um
dos principais assessores de
campanha dos presidentes
Richard Nixon (1969-74) e
Ronald Reagan (1981-89), de
quem era amigo e que o chamava de "pedra no sapato".
A quem dizia que seu coração era de pedra, seus simpatizantes lembravam que
Helms adotara uma garota
deficiente de nove anos após
ler em um jornal ela dizer
que, como presente de Natal,
queria ganhar um pai e uma
mãe. Com a mulher, Dorothy, teve mais dois filhos,
sete netos e um bisneto.
Texto Anterior: China e Taiwan retomam vôos comerciais Próximo Texto: Impasse nuclear: Irã dá resposta evasiva a oferta do Ocidente Índice
|