São Paulo, segunda-feira, 05 de julho de 2010

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General dos EUA assume guerra afegã

No comando das tropas americanas no país, David Petraeus vê "momento crítico", mas prega vitória americana

Mês de junho foi o mais mortífero para a Otan desde 2001; estratégia deverá ser sabatinada em dezembro próximo

02.jul.2010 - Reuters/Stringer
Soldado afegão vigia empresa atacada pelo Taleban em Kunduz; cinco pessoas morreram

CRISTINA FIBE
DE NOVA YORK

Ao assumir o comando da guerra no Afeganistão, ontem, o general americano David Petraeus afirmou tratar-se de um "momento crítico" do conflito, prometeu "defender o povo afegão" e declarou: "Estamos nessa para vencer".
"Depois de anos de guerra, chegamos a um momento crítico. Precisamos mostrar ao povo afegão e ao mundo que a Al Qaeda e a sua rede de aliados extremistas não poderão estabelecer novos refúgios no Afeganistão."
Petraeus, 57, assumiu o posto no 4 de Julho, Dia da Independência americana, em substituição ao famoso general Stanley McChrystal, retirado depois de aparecer numa reportagem da revista "Rolling Stone", ao lado de assessores, fazendo críticas ácidas a vários membros do alto escalão do governo.
Petraeus era o chefe do Comando Central dos EUA, responsável pela supervisão das operações no Oriente Médio. Antes, ele já havia comandado as tropas no Iraque.
Agora, o general passa a orientar cerca de 100 mil militares que enfrentam atualmente uma escalada de violência no país.

CONTRAINSURGÊNCIA
O número de soldados da Otan (aliança militar ocidental) mortos em junho (102) foi o mais alto desde o início da guerra, em 2001.
O general agora terá seis meses para provar que a controversa estratégia de contrainsurgência, que ele mesmo ajudou a elaborar, está progredindo.
O governo Obama planeja para dezembro a revisão dessa estratégia, criticada por limitar o uso da força dos militares para diminuir o número de civis mortos.
Ontem, em cerimônia no quartel-general da Otan em Cabul, Petraeus prometeu mostrar "ao povo e ao Taleban que as forças internacionais e afegãs estão aqui para proteger os afegãos".
O general reafirmou que a troca de comando não significa mudança de estratégia.
Ele disse que o foco da missão militar continuará sendo a defesa da população, mas garantiu que reexaminará as diretrizes "para determinar onde refinamentos podem ser necessários".
Em seu discurso de posse, Petraeus também elogiou o trabalho de seu antecessor.
"O progresso feito nos últimos meses, diante de um inimigo determinado, é, em muitos aspectos, o resultado da visão, da energia e da liderança que ele proporcionou."

OPERAÇÃO ANTIDROGAS
Ontem, o governo afegão anunciou a morte de 63 traficantes e terroristas e a destruição de mais de 16 toneladas de drogas -principalmente ópio-, resultados de uma operação de dois dias no Sul do país.
De acordo com o Ministério do Interior afegão, duas fábricas para a transformação de ópio em heroína foram destruídas e um "grande número" de armas e munições foi apreendido.
A operação, que teve o apoio de soldados da Otan, prendeu ainda dez traficantes e militantes armados, incluindo estrangeiros, e libertou 14 civis que eram mantidos reféns por terroristas.
O Afeganistão é o fornecedor de 90% do ópio mundial e o líder na produção de haxixe. O cultivo e o tráfico são tidos como uma das principais fontes econômicas da insurgência no país.


Com agências internacionais


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