São Paulo, domingo, 5 de julho de 1998

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Para especialistas, Índia busca destaque internacional

ISABEL VERSIANI
de Londres


O moralismo reinante na Índia hoje é um fenômeno superficial, que reflete o anseio do país em se firmar internacionalmente, afastando de vez a imagem de colônia subdesenvolvida. Essa é tese defendida pelo acadêmico David Taylor, professor da Escola de Estudos do Oriente e da África da Universidade de Londres, Reino Unido.
Segundo Taylor, ao rejeitar a Coca-Cola, ou um filme ocidental, o indiano de classe média não está recusando a modernidade, mas tentando reafirmar que o país pode progredir à sua maneira.
Ele lembra que a Índia não está sozinha nessa luta "esquizofrênica" contra algumas facetas da cultura ocidental, que existe também em alguns países islâmicos.
A diferença, afirma o pesquisador, é que a Índia tem a vantagem de ser uma nação democrática, onde o embate político permite que haja uma oscilação de idéias e posições dominantes.
Um sinal da influência dessas diferenças políticas, para Taylor, é exatamente a mudança de atitude do partido BJP em relação à mesquita na cidade de Ayodhya.
Se a destruição do templo, em 1992, deu um impulso ao partido, reações contrárias agora teriam forçado o BJP a tirar o assunto de pauta e se voltar para questões econômicas.
Para Robert Jenkins, cientista político da Berckbeck College, o nacionalismo moralista do partido acabou aproximando o modelo político da Índia ao de outros países europeus, na medida em que teria suprimido as diferenças que existiam no sistema de castas.
"Um partido nacionalista único e centralizador é uma idéia ocidental", afirma o cientista.



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