São Paulo, quinta-feira, 05 de agosto de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

Washington costura acordo para impedir concessões a terroristas, que já seqüestraram mais de 70 pessoas

EUA formam pacto anti-seqüestro no Iraque

DA REDAÇÃO

Os EUA emitiram ontem o primeiro comunicado de uma série a ser seguida pelos demais membros da Força Multinacional no Iraque na qual se comprometem a não ceder a seqüestradores. Nos últimos quatro meses, grupos insurgentes capturaram mais de 70 estrangeiros para tentar forçar a retirada de tropas e empresas internacionais do país.
O anúncio coincidiu com a libertação de quatro jordanianos e dois turcos capturados na semana passada.
A onda de seqüestros que ganhou força no Iraque em abril já levou várias empresas a deixarem o país. No mês passado, o governo das Filipinas também cedeu e retirou seu contingente humanitário de 51 soldados ao ter um de seus cidadãos capturado.
O recuo foi duramente criticado pelos EUA, que acusaram Manila de encorajar os seqüestradores e aumentar o risco para outros estrangeiros no Iraque.
O documento emitido ontem, a primeira medida de peso tomada pelos EUA para tentar conter a onda de seqüestros, reforça esse tom crítico, dizendo que não haverá mais "fragilidade de decisão". O texto declara que, ao mesmo tempo que compartilham do sofrimento das famílias dos reféns e se "solidarizam com o povo iraquiano", os 31 membros da coalizão militar liderada pelos EUA "estão unidos na resolução de não fazer concessões aos terroristas".
Segundo o porta-voz do Departamento de Estado americano, Richard Boucher, a maioria -talvez todos- os demais membros da coalizão devem emitir comunicados semelhantes nos próximos dias. "Estamos comprometidos em garantir que os perpetradores de atos terroristas contra nossos cidadãos e soldados sejam levados à Justiça", diz o texto. "Achamos que ceder aos terroristas apenas colocará em risco os membros da Força Multinacional, bem como outros países que contribuem para a reconstrução iraquiana e ajuda humanitária."
O documento não se estende às empresas operando no Iraque. "Sabemos que as empresas têm de tomar decisões com base na segurança de seus funcionários e não nos opomos a isso", disse Boucher. Segundo o porta-voz, a idéia do texto partiu da Bulgária, que teve dois cidadãos seus seqüestrados e mortos no Iraque.

Reféns libertados
Depois de uma semana em cativeiro, quatro jordanianos foram soltos ontem. Em um episódio inédito, os reféns disseram ter sido libertados por um grupo mascarado que invadiu o cativeiro, em Fallujah (oeste), e os soltou sem disparar um único tiro.
Mais tarde, um homem mascarado concedeu uma entrevista na cidade dizendo que os seqüestradores decidiram soltar os reféns porque comprovaram que eles não trabalhavam para os EUA. O grupo teria sido enviado pelo Conselho de Anciãos que governa Fallujah desde a retirada americana da cidade, há quatro meses.
Segundo a TV Al Jazira, de Qatar, dois reféns turcos também foram libertados depois de a empresa que os emprega ter concordado em deixar o Iraque.
Em Mossul, no norte do país, um confronto entre insurgentes e soldados americanos culminou na morte de 14 civis iraquianos, segundo o comando militar dos EUA. Outros 31 civis foram feridos e oito insurgentes morreram.
Também ontem, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse que os representantes da entidade no Iraque dependerão da Força Multinacional para protegê-los. Segundo Annan, nenhum país se propôs a integrar uma força de 5.000 soldados designada para proteger a missão da ONU em Bagdá, chefiada pelo paquistanês Ashraf Jehangir Qazi, que chega ao país em meados de agosto.


Com agências internacionais

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