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IRAQUE SOB TUTELA
Washington costura acordo para impedir concessões a terroristas, que já seqüestraram mais de 70 pessoas
EUA formam pacto anti-seqüestro no Iraque
DA REDAÇÃO
Os EUA emitiram ontem o primeiro comunicado de uma série a
ser seguida pelos demais membros da Força Multinacional no
Iraque na qual se comprometem a
não ceder a seqüestradores. Nos
últimos quatro meses, grupos insurgentes capturaram mais de 70
estrangeiros para tentar forçar a
retirada de tropas e empresas internacionais do país.
O anúncio coincidiu com a libertação de quatro jordanianos e
dois turcos capturados na semana
passada.
A onda de seqüestros que ganhou força no Iraque em abril já
levou várias empresas a deixarem
o país. No mês passado, o governo
das Filipinas também cedeu e retirou seu contingente humanitário
de 51 soldados ao ter um de seus
cidadãos capturado.
O recuo foi duramente criticado
pelos EUA, que acusaram Manila
de encorajar os seqüestradores e
aumentar o risco para outros estrangeiros no Iraque.
O documento emitido ontem, a
primeira medida de peso tomada
pelos EUA para tentar conter a
onda de seqüestros, reforça esse
tom crítico, dizendo que não haverá mais "fragilidade de decisão". O texto declara que, ao mesmo tempo que compartilham do
sofrimento das famílias dos reféns
e se "solidarizam com o povo iraquiano", os 31 membros da coalizão militar liderada pelos EUA
"estão unidos na resolução de não
fazer concessões aos terroristas".
Segundo o porta-voz do Departamento de Estado americano, Richard Boucher, a maioria -talvez todos- os demais membros
da coalizão devem emitir comunicados semelhantes nos próximos dias. "Estamos comprometidos em garantir que os perpetradores de atos terroristas contra
nossos cidadãos e soldados sejam
levados à Justiça", diz o texto.
"Achamos que ceder aos terroristas apenas colocará em risco os
membros da Força Multinacional, bem como outros países que
contribuem para a reconstrução
iraquiana e ajuda humanitária."
O documento não se estende às
empresas operando no Iraque.
"Sabemos que as empresas têm
de tomar decisões com base na segurança de seus funcionários e
não nos opomos a isso", disse
Boucher. Segundo o porta-voz, a
idéia do texto partiu da Bulgária,
que teve dois cidadãos seus seqüestrados e mortos no Iraque.
Reféns libertados
Depois de uma semana em cativeiro, quatro jordanianos foram
soltos ontem. Em um episódio
inédito, os reféns disseram ter sido libertados por um grupo mascarado que invadiu o cativeiro,
em Fallujah (oeste), e os soltou
sem disparar um único tiro.
Mais tarde, um homem mascarado concedeu uma entrevista na
cidade dizendo que os seqüestradores decidiram soltar os reféns
porque comprovaram que eles
não trabalhavam para os EUA. O
grupo teria sido enviado pelo
Conselho de Anciãos que governa
Fallujah desde a retirada americana da cidade, há quatro meses.
Segundo a TV Al Jazira, de Qatar, dois reféns turcos também foram libertados depois de a empresa que os emprega ter concordado
em deixar o Iraque.
Em Mossul, no norte do país,
um confronto entre insurgentes e
soldados americanos culminou
na morte de 14 civis iraquianos,
segundo o comando militar dos
EUA. Outros 31 civis foram feridos e oito insurgentes morreram.
Também ontem, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse
que os representantes da entidade
no Iraque dependerão da Força
Multinacional para protegê-los.
Segundo Annan, nenhum país se
propôs a integrar uma força de
5.000 soldados designada para
proteger a missão da ONU em
Bagdá, chefiada pelo paquistanês
Ashraf Jehangir Qazi, que chega
ao país em meados de agosto.
Com agências internacionais
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