São Paulo, sábado, 05 de agosto de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bispos cubanos pedem que fiéis rezem; governo não dá detalhes da operação

DA REDAÇÃO

A Conferência Episcopal Cubana divulgou ontem nota em que pede aos católicos que rezem pela saúde de Fidel Castro. Também fez votos de que a convivência pacífica entre o regime comunista e a igreja "não seja prejudicada" por fatores internos ou externos ao país.
O texto, bastante conciliador, será lido em todas as igrejas cubanas nas missas de amanhã.
As relações entre a igreja e Fidel foram bastante difíceis desde que o regime se instalou, em 1959. Elas evoluíram nos anos 80 e tiveram seu melhor período em 1998, quando João Paulo 2º visitou a ilha.
Com a morte do papa, em abril do ano passado, Fidel assinou um livro de condolências, na Nunciatura Apostólica, e assistiu à missa pelo papa na catedral de Havana, na qual não entrava havia 40 anos.
Enquanto isso, as autoridades e a mídia oficial prosseguiam pelo terceiro dia em silêncio, sem dar informações mais específicas sobre o estado de saúde do ditador de 79 anos.
O ministro cubano da Saúde, José Ramon Balaguer, disse em visita à Guatemala que Fidel se recupera de uma cirurgia e "em breve reassumirá suas funções". Como fizeram nos dias anteriores outras autoridades, ele não deu detalhes, o que tornou sua declaração protocolar.
Em Paris, a entidade Repórteres Sem Fronteira protestou contra a decisão das autoridades cubanas de "manter distante a imprensa internacional", ao negar vistos de ingresso a jornalistas e ao expulsar repórteres estrangeiros de Havana.
A entidade acusa o governo de ter impedido o desembarque de no mínimo seis jornalistas na quarta-feira. "O governo, acostumado a vigiar a imprensa estrangeira, reforçou o controle de acesso à ilha", afirma.
Um jornalista inglês que trabalhou alguns dias e em seguida foi expulso teve seu computador revistado por policiais no aeroporto. Eles se apoderaram dos nomes de suas fontes cubanas e em seguida apagaram todos os arquivos sobre Cuba.
A rede CNN contratou Alina Fernández, filha do ditador cubano exilada nos Estados Unidos desde 1993, como comentarista em suas coberturas sobre a ilha. Ela disse ontem que Raúl Castro não tem o carisma de seu pai e não pretende imitá-lo. Mas afirmou que o tio é um homem forte, em razão do controle sobre as Forças Armadas.
O "Granma", principal jornal da ditadura, esforçou-se ontem para pôr Raúl em primeiro plano. Reproduziu em primeira página a notícia e a fotografia de sua prisão, em 1953, durante a ditadura de Batista.
O jornal também qualifica os exilados em Miami de "grupinho de tresnoitados de extrema-direita" e afirma que a palavra transição não faz parte do vocabulário dos cubanos. O governo de Raúl Castro -ele continua a se esconder da mídia- publicou sua primeira nota, em que condena as incursões de Israel no Líbano.


Com agências internacionais

Texto Anterior: Lula foi informado de que Fidel está mal
Próximo Texto: Rice diz a cubanos que EUA apóiam a virada democrática
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.