São Paulo, terça-feira, 05 de agosto de 2008

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Soldados começam a patrulhar grandes cidades italianas

DA REDAÇÃO

Um pouco mais de mil soldados se integraram ontem ao policiamento das principais cidades italianas, em obediência a decreto do primeiro-ministro Silvio Berlusconi que nos próximos dias prevê, ao todo, 3.000 militares nessa missão.
O ministro do Interior, Roberto Maroni, qualificou a iniciativa como "uma resposta aos cidadãos preocupados com o aumento da insegurança", enquanto o ministro da Defesa, Ignazio la Russa, disse que a presença das Forças Armadas nas ruas "é suficiente para desencorajar os criminosos".
Mas Achille Serra, ex-prefeito de Roma e hoje senador pela oposição, qualificou a iniciativa de "inútil e ineficaz".
O general Mário Buscemi, ex-comandante do Exército, lembrou que em 1992 os militares já haviam assumido funções semelhantes. Mas a operação se restringiu a regiões de forte criminalidade, sobretudo a Sicília, onde entraram em ação 20 mil homens. Foi para impor a autoridade do Estado depois do assassinato de dois juízes que investigavam a Máfia.
Os sindicatos de policiais criticam agora o governo, acusando-o de "encenar para a opinião pública por meio do uso demagógico da segurança pública".
Ao ser eleito, em abril, Berlusconi insistiu na "crescente criminalidade" e deu a entender que só o combate à imigração ilegal e a repressão à comunidade cigana trariam novamente a tranqüilidade.
Desde então, a Câmara e o Senado aprovaram projetos que transformam os imigrantes sem vistos de residente em virtuais criminosos -a percepção popular os tornou bodes expiatórios-, enquanto o governo faz um recenseamento dos ciganos e se prepara para expulsar aqueles que não têm nacionalidade italiana.
Ontem, em Roma, cerca de 400 soldados participavam do policiamento das estações do metrô e das ruas próximas do Vaticano. O prefeito Gianni Alemanno pediu para que eles não ocupassem os locais de maior concentração turística, para não passarem uma imagem negativa da cidade .
Em Milão, 150 militares protegiam o domo (catedral) e a principal estação ferroviária. Eles também foram designados a centros de imigrantes, como o de Lampedusa, na Sicília, onde se encontravam ontem 973 ilegais. Por todo o país soldados patrulhavam consulados e sinagogas, que não são objeto de ameaças de atentados.

Criminalidade em queda
O pacote antiinsegurança de Berlusconi contrasta com estatísticas das Nações Unidas e da União Européia, citadas pelo "Financial Times", que indicam que Roma é uma cidade mais segura que Londres, Copenhague ou Amsterdã. O jornal afirma que a oposição de esquerda tinha razão ao afirmar que a criminalidade está em queda, por mais que a percepção dos eleitores, na campanha eleitoral de abril, enxergasse um quadro oposto.
O diário britânico também diz que a ação em torno da segurança pode estar desviando a atenção de um fato bem mais grave, o da corrupção.
A Itália ocupa a 40ª colocação na lista da Transparência Internacional. A percepção de corrupção no país só é menor, entre os 15 países mais antigos da UE, do que na Grécia.


Com agências internacionais


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