São Paulo, sexta-feira, 05 de agosto de 2011

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Investidores fogem para papéis do Tesouro dos EUA

ÁLVARO FAGUNDES
DE NOVA YORK

A Bolsa de Nova York teve ontem uma queda como não era vista desde as semanas seguintes à quebra do Lehman Brothers, em 2008, com os investidores preocupados com os rumos da economia global e as incertezas sobre a crise da dívida na Europa.
O índice Dow Jones recuou 513 pontos, ou 4,3%, o pior resultado desde o fim de 2008, e já perdeu todos os ganhos acumulados neste ano. Na Ásia, as Bolsas de Tóquio e Hong Kong abriram hoje com queda superior a 4%.
Um sinal do temor dos investidores é que o rendimento dos títulos de dez anos do Tesouro continuou a cair ontem, de 2,64% para 2,47%, indicando a fuga dos investidores por segurança. No início de julho, eles pagavam rendimento de 3,22%.
Apesar da discussão sobre o calote da dívida americana, os títulos dos EUA continuam a ser os mais confiáveis, já que não há outro papel que tenha a mesma liquidez e outras grandes economias também enfrentam problemas.
Ao contrário dos últimos dias, em que foram divulgados dados desastrosos sobre a economia americana, ontem não saiu nenhum indicador, mas as tensões foram se acumulando e há preocupação quanto ao dado de desemprego, que sai hoje.
Para analistas, um dado negativo sobre trabalho deve desencadear nova onda de queda no mercado de ações.
Preocupações sobre a economia americana voltaram a crescer na semana passada, quando foi divulgado que o PIB do primeiro semestre teve um crescimento muito fraco, 0,9%, abaixo do necessário para acelerar a criação de empregos.
Nesta semana, indicadores da indústria e do consumo dos americanos mostraram os piores resultados em dois anos, e economistas como Martin Feldstein, de Harvard, disseram que é de 50% a chance de os EUA mergulharem em uma nova recessão.
A questão é o que o governo Barack Obama pode fazer para reverter esse processo.
O acordo fechado nesta semana para elevar o teto da dívida vai cortar gastos estatais e deve ter impacto negativo no PIB nos próximos anos.
Por isso, volta-se a falar em nova rodada de afrouxamento monetário pelo Fed (BC dos EUA), repetindo o que iniciou no fim do ano passado, com a compra de US$ 600 bilhões.


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