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INVESTIMENTOS
Guerra ao terror ajuda a tirar recursos que deveriam servir para obras prioritárias, diz associação de engenheiros
EUA enfrentam crise de infra-estrutura
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
Relatório divulgado ontem nos
EUA revela que o país precisaria
investir cerca de US$ 1,6 trilhão
(R$ 4,8 trilhões) nos próximos
cinco anos para contornar problemas considerados iminentes
na área de infra-estrutura.
O valor equivale a cerca de quatro vezes o PIB (Produto Interno
Bruto, a soma de tudo o que é produzido por ano) do Brasil.
O estudo é uma atualização de
relatório divulgado em 2001,
quando a ASCE (sigla em inglês
para Sociedade Americana de Engenheiros Civis) alertou sobre a
deterioração dos serviços em várias áreas, principalmente no setor de energia elétrica -responsável pelo maior blecaute da história americana, em agosto.
A ASCE recomenda uma série
de iniciativas para o governo federal e faz críticas à atual administração por não empenhar-se na
aprovação de projetos no Congresso que dariam verbas para
obras e atualizações em 12 áreas.
Embora muitas das atividades
em cada setor sejam tocadas por
empresas privadas ou governos
locais, a ASCE faz específicas recomendações apenas para o governo federal, que é o responsável
pela maior parte do dinheiro para
obras e por determinar as prioridades orçamentárias anuais.
A divulgação do relatório acabou expondo de maneira contundente a fragilidade das contas públicas dos EUA e o fato de a maior
parte do atual déficit fiscal americano não estar financiando a melhoria da infra-estrutura no país.
Desde que assumiu, o presidente George W. Bush transformou
os superávits fiscais do final da era
Clinton (1993-2001) em déficits
crescentes. Para 2004, por exemplo, o déficit federal é estimado
em US$ 480 bilhões. Projeções baseadas no ritmo e no padrão de
gastos federais para os próximos
anos estimam que o rombo em
2004 possa se perpetuar até o final
da década -atingindo até US$
4,3 trilhões entre 2004 e 2013.
Os valores não incluem os gastos adicionais que os EUA vêm
tendo no Iraque.
O relatório da ASCE avalia que,
além da queda na atividade econômica nos dois últimos anos, o
esforço e o dinheiro empenhados
na prevenção ao terrorismo nos
EUA vêm tirando recursos de
obras consideradas prioritárias.
"A preocupação americana
com as ameaças à segurança é
real, como também são os riscos
de uma infra-estrutura em colapso", disse o presidente da ASCE,
Thomas Jackson.
Em termos gerais, o padrão dos
serviços das 12 áreas citadas no relatório é incomparavelmente melhor do que o de países como o
Brasil. Mas a avaliação leva em
conta apenas o histórico dos serviços nos próprios EUA.
Em 2001, a previsão de investimentos necessários era de US$ 1,3
trilhão, US$ 300 bilhões a menos
do que a atual. Na média, o relatório continua qualificando como
D+ (pobre+) a média dos 12 setores avaliados. Na área de energia,
o estudo mostra que os investimentos em transmissão vêm sendo reduzidos em US$ 115 milhões
ao ano nas últimas duas décadas,
de US$ 5 bilhões ao ano em 1975
para menos de US$ 2 bilhões ao
ano agora. Na geração, o aumento
da capacidade instalada vem ficando 70% abaixo do ritmo do
crescimento populacional desde
o início dos anos 90.
Assim como no setor de energia, onde as propostas do governo
são fundamentais, o relatório ressalta a ausência de iniciativas
principalmente nos transportes.
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