São Paulo, terça-feira, 05 de setembro de 2006

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ONU será mediadora entre Israel e Hizbollah, diz Annan

Negociação indireta visa soltar soldados capturados em ação que deflagrou a guerra

Qatar torna-se o primeiro país árabe a anunciar envio de soldados para a força internacional destinada a garantir a trégua no Líbano

DA REDAÇÃO

O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, anunciou ontem que vai nomear um negociador para mediar secretamente entre Israel e o grupo xiita Hizbollah a libertação dos dois soldados capturados em julho. "Os dois lados aceitaram o esforço do secretário-geral para ajudar a resolver o problema", disse Annan durante visita à Arábia Saudita, oitava parada de sua viagem ao Oriente Médio.
Israel reagiu ao anúncio dizendo que o papel da ONU é garantir a libertação dos soldados. "Um mediador não é necessário", disse um assessor do governo. "A resolução da ONU determina que os soldados devem ser soltos incondicionalmente. O secretário-geral da ONU irá ajudar, não mediar."
O ministro da Energia do Líbano, Mohammed Fneish, que pertence ao alto escalão do Hizbollah, disse que não estava autorizado a comentar o anúncio de Annan, mas reiterou que o "princípio básico" aceito pelo grupo é "conduzir uma troca de prisioneiros por meio de negociações indiretas".
A libertação dos dois soldados israelenses capturados pelo Hizbollah em um ataque no dia 12 de julho, que deflagrou a guerra, é uma das principais exigências da resolução da ONU que estabeleceu o cessar-fogo, após 34 dias de combates. Annan disse que a ONU e Israel já escolheram seus representantes na negociação, mas o que ele chamou de "Líbano-Hizbollah" ainda não.

Bloqueio
O governo libanês encaminhou um protesto ao Conselho de Segurança da ONU contra o bloqueio aéreo e marítimo que Israel mantém há oito semanas sobre o país. Desafiando o bloqueio, um avião da Qatar Airways procedente de Doha pousou ontem no aeroporto de Beirute. Israel, que exige que todos os vôos com destino à capital libanesa façam uma escala de segurança na Jordânia, disse que autorizou o vôo do Qatar.
Israel também afrouxou o bloqueio marítimo. Segundo a publicação inglesa "LLoyd's List", especializada no setor portuário, algumas embarcações estavam recebendo permissão para atracar no Líbano, sobretudo as que transportam petróleo e produtos básicos.

Qatar
O Qatar tornou-se ontem o primeiro país árabe a anunciar o envio de soldados para a força da ONU que será posicionada no sul do Líbano para garantir o cessar-fogo. O país do golfo Pérsico, que não tem laços diplomáticos com Israel, mas relações comerciais de baixo nível desde 1996, prometeu contribuir com até 300 homens.
Cerca de 200 soldados franceses deixaram ontem o porto de Toulon a bordo de um navio da Marinha rumo ao Líbano. A França prometeu enviar 2.000 homens. Um contingente de 900 soldados italianos chegou ao sul do Líbano no fim de semana. A contribuição italiana, a mais numerosa, deve chegar a 3.000 homens.


Com agências internacionais


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