São Paulo, sábado, 5 de setembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRAGÉDIA NO AR
Marinha procura no fundo do mar a caixa preta com informações sobre o avião da Swissair que caiu
Canadá usa submarino para buscas

Associated Press
Ponta do submarino Okanagan, que procura no fundo do mar a caixa preta do avião da Swissair


ALESSANDRA BLANCO
de Nova York

Um submarino da Marinha militar canadense começou a ser utilizado ontem para tentar localizar partes do avião da Swissair que caiu no mar na noite de quarta junto à costa atlântica do Canadá.
O avião, um MD-11, de fabricação americana, levava 229 pessoas. Todas morreram. Ele havia saído de Nova York (EUA) e se dirigia a Genebra (Suíça).
O submarino HMCS Okanagan, de 61 metros, só foi colocado em ação às 5h de ontem, depois de uma noite inteira de buscas aérea e por navio para tentar encontrar algum sobrevivente.
Pela manhã, autoridades canadenses declararam que encerrariam as buscas, já que ninguém sobreviveria tanto tempo no mar, e iniciariam a procura pela caixa preta do avião e por corpos.
Espera-se que a caixa preta contenha gravações das conversas do piloto com outros auxiliares de vôo e com a equipe das torres de controle aéreo do Canadá, além de dados técnicos que possam determinar as causas do acidente.
O submarino Okanagan foi usado durante todo o dia ontem para "mapear" o oceano com um sonar na tentativa de encontrar a caixa-preta, mas encerrou a procura no final da tarde sem resultados. A operação continua hoje.

Conversa gravada
Em entrevista coletiva no final da tarde de ontem, o investigador da Canadian Transportation Safety, Vic Gerden, afirmou que as equipes de investigação já ouviram as fitas gravadas com a conversa entre o piloto do avião e os controladores aéreos canadenses.
Gerden classificou a conversa como "profissional" e "normal". Segundo ele, o piloto não chegou a pedir "mayday", sinal de que a aeronave estaria em uma emergência, mas afirmou que havia uma fumaça muito densa no cockpit e pediu para aterrissar em Boston. Ao ser avisado de que o aeroporto de Halifax, Nova Scotia, estava mais perto, tentou se dirigir para o local, mas caiu pouco antes de chegar ao destino, por volta de 21h45 (22h45 no Brasil).
O avião aparentemente atingiu a água com velocidade muito alta, quebrando-se em várias partes. Até agora, foi encontrado um pedaço equivalente apenas ao tamanho do capô de um carro.
De acordo com as primeiras informações, a fumaça não chegou a ser detectada na ala de passageiros, e as máscaras de oxigênio nem chegaram a cair. A íntegra da conversa do piloto e o trajeto do avião serão divulgados hoje.
As investigações são conduzidas pela polícia e pelo Conselho de Segurança de Transporte do Canadá. O FBI (polícia federal dos EUA) e autoridades de segurança aérea americanas também participam.
Os EUA enviaram dez investigadores ao local, que ajudarão como convidados, já que a aeronave foi construída no país. A Boeing, fabricante do avião, enviou um piloto, um engenheiro e um especialista em estruturas de aviões.

Problemas no MD-11
Ontem a FAA (Administração Federal de Aviação), órgão regulador das companhias aéreas nos EUA, informou que alertado sobre dois problemas do MD-11. Em março de 1996, recomendou separar os cabos de controle de vôo da parte elétrica do avião.
Em junho de 1997, avisou sobre um problema na instalação elétrica no cockpit, que poderia pegar fogo. A FAA ordenou que as companhias americanas solucionassem o problema. A Swissair informou que iria checar como respondeu aos alertas da FAA, mas a empresa afirmou que rotineiramente acata esses pedidos.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.