DA REDAÇÃO

Seis pessoas foram acusadas ontem nos EUA de tentar viajar ao Afeganistão após os atentados de 11 de setembro para combater ao lado da rede terrorista Al Qaeda e do grupo extremista Taleban.
O secretário da Justiça, John Ashcroft, ao anunciar a prisão de quatro deles, disse que ontem era um "dia decisivo" para o combate ao terrorismo. Ele destacou ainda o pronunciamento da sentença do "Taleban americano", John Walker Lindh, e a declaração de culpa, em Boston, do "homem do sapato-bomba", Richard Reid (leia textos abaixo).
Segundo Ashcroft, dois dos seis acusados estão livres e fora dos EUA. Cinco deles são cidadãos americanos, e o outro é um jordaniano vivendo nos EUA.
O secretário disse que um dos réus, Jeffrey Leon Battle, 32, alistou-se como reservista no Exército para aprender a usar armas americanas. Segundo Ashcroft, Battle, que obteve uma dispensa administrativa em janeiro quando estava em Bangladesh, pretendia usar a experiência contra soldados dos EUA no Afeganistão.
As prisões, afirmou Ashcroft, representam "um exemplo didático" da cooperação entre autoridades federais, estaduais e locais na "guerra contra o terror".
O indiciamento identifica os seis como Battle, Patrice Lumumba Ford, 31, Ahmed Ibrahim Bilal, 24, Muhammad Ibrahim Bilal, 22, o jordaniano Habis Abdullah al Saoub, 37, e October Martinique Lewis, 25, ex-mulher de Battle.
O diretor do FBI, Robert Mueller, disse que "aqueles que apóiam o terrorismo serão levados a julgamento".
Segundo Ashcroft, cinco acusados compraram passagens de avião para Hong Kong com a intenção de viajar ao Afeganistão a partir da China e do Paquistão em outubro de 2001 e combater ao lado de soldados do Taleban contra forças norte-americanas.
Em 2 de novembro de 2001, Battle teria dito à sua ex-mulher que o grupo estava tendo dificuldades para cruzar a fronteira da China com o Afeganistão.
Um júri federal indiciou os homens por acusações de conspiração para declarar guerra aos EUA, conspiração para fornecer apoio material e recursos à Al Qaeda, conspiração para fornecer serviços à Al Qaeda e ao Taleban e posse de armas de fogo para promover crimes violentos.
O indiciamento afirma que os homens receberam treinamento para usar armas em Washougal (Washington), a partir do fim de setembro de 2001, para se preparar para combater com o Taleban.
Segundo o documento, Lewis enviou US$ 2.800 oito vezes a Battle quando ele estava fora do país, sabendo que o dinheiro seria usado para ele tentar entrar no Afeganistão. Battle, Ford e Muhammad Bilal voltaram aos EUA entre o fim de 2001 e o início de 2002, afirma o indiciamento.
Battle, Ford e Lewis estão presos em Portland (Oregon) e Muhammad Bilal, nascido nos EUA de pais sauditas, está detido em Detroit (Michigan), mas será enviado a Oregon, disse um funcionário do Departamento da Justiça.