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Duas Coréias avançam para "paz permanente"
Sul deverá aumentar investimentos no Norte; questão nuclear ainda é temor
Acordo de paz que poria fim oficial ao conflito de 1953
depende dos EUA, que agora reiteram esperar que Norte
confirme desnuclearização
DA REDAÇÃO
Na declaração conjunta publicada ontem em Pyongyang,
após três dias de reuniões entre
seus dois governantes, a Coréia
do Norte e a Coréia do Sul disseram-se dispostas a "cooperar
para pôr fim às hostilidades militares e aliviar as tensões na
península". Também se comprometeram a superar "o atual
armistício e estabelecer um regime de paz permanente".
Os dois países estão submetidos a um simples armistício depois da guerra que travaram,
com a participação americana e
chinesa, entre 1950 e 1953. Um
tratado de paz depende de negociações que também envolvam Washington e Pequim.
A Casa Branca reiterou ontem que apenas tomará a iniciativa se os norte-coreanos
cumprirem a promessa, formalizada anteontem, de desmantelar até 31 de dezembro seus
equipamentos nucleares.
O texto da reunião de cúpula,
assinado pelo ditador do Norte,
Kim Jong-il, e pelo presidente
do Sul, Roh Moo-hyun, é menos ambicioso que o redigido
em junho de 2000, no primeiro
encontro entre os dois países.
Kim e o então presidente do
Sul, Kim Dae-jung, mencionaram a reunificação das duas
Coréias, em prazo indeterminado, e um período intermediário em que os dois regimes
se uniriam numa federação.
O secretário-geral da ONU,
Ban Ki-moon -ex-chanceler
sul-coreano-, divulgou nota
ontem em que classificou o comunicado final como "um passo na direção da paz permanente e da desnuclearização da península". Em Moscou, a Chancelaria disse "esperar sinceramente que se concretize a declaração de paz assinada pelos
dois presidentes".
Cooperação econômica
O "New York Times" afirma
que a cúpula de Pyongyang terminou com resultados mais sólidos que os esperados na última terça-feira.
Refere-se aos compromissos
econômicos assumidos por
Roh, como a construção de um
parque industrial em Haeju e a
exploração conjunta de uma
bacia fluvial. Haeju está próxima ao complexo industrial de
Kaesong, onde desde 2004 empresas sul-coreanas empregam
assalariados norte-coreanos e
que se tornou a região mais desenvolvida da Coréia do Norte.
O Sul também construirá um
estaleiro em Nampo, reformará
a estrada de ferro que atravessa
o Norte em direção à China e
construirá, paralela aos trilhos,
uma nova rodovia.
O jornal americano diz ainda
que os norte-coreanos fizeram
uma concessão de peso ao reconhecerem o Sul como signatário em potencial de um acordo
de paz. Até agora Pyongyang
queria repetir a fórmula de
1953, quando o armistício foi
assinado em nome de Seul por
Washington e pelos participantes das forças da ONU que combateram em seu nome.
O desmonte do parque nuclear norte-coreano, mencionado numa única e vaga frase
do comunicado final, é o ponto
vulnerável, diz a France Presse.
Segundo o cientista político
Yoichiro Sato, baseado no Havaí, Pyongyang tende a não se
contentar apenas com os 100
milhões de toneladas de combustível prometidos para abandonar suas ambições nucleares.
Esse "prêmio" foi negociado
em Pequim pelo chamado Grupo dos Seis (Rússia, EUA, China, Japão e as duas Coréias) e
anunciado anteontem. Sato
acredita que Pyongyang poderá
pedir mais e descumprir o prazo para a desnuclearização.
Daniel Sneider, da Universidade de Stanford, diz que "o
acordo é um passo adiante, mas
não modifica fundamentalmente as coisas".
Saúde do ditador
Durante a cerimônia de assinatura, o ditador norte-coreano negou informações sobre
sua saúde que circulam na mídia sul-coreana. Kim, que tem
65 anos, disse não ser diabético
nem ter problemas no coração.
Uma agência de Seul citou a
passagem por Pyongyang de
uma equipe médica alemã no
início do ano. "Ele não consegue andar nem 30 metros", disse o texto, que, no entanto, afirma que isso não o inutiliza para
o exercício do poder.
Com agências internacionais
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