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Junta birmanesa admite receber oposição
Governo impõe pré-condições para encontro com Aung San Suu Kyi, líder pró-democracia hoje em prisão domiciliar
ONU afirma que missão de quatro dias em Mianmar fracassou; o Conselho de Segurança do organismo discute hoje ações futuras
Associated Press
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Monge budista é visto nas ruas de Yangun após repressão |
DA REDAÇÃO
Enquanto a ditadura de
Mianmar (antiga Birmânia) esmaga o movimento pró-democracia, o chefe da junta militar
governante levantou ontem a
possibilidade de se reunir com
a principal líder da oposição,
Aung San Suu Kyi, que está em
prisão domiciliar.
Recheada de pré-condições,
a oferta aparentemente visa
afastar a chance de sanções
econômicas contra Mianmar e
demonstrar flexibilidade para a
vizinha China, principal parceiro econômico do país, que
vem exercendo pressão discreta pela volta da estabilidade.
A TV estatal afirmou ontem
que o encontro do chefe da junta militar, general Than Shwe,
com a líder oposicionista só
ocorrerá se ela abandonar a
busca por "confrontação e sanções". A oferta foi apresentada
pelo general ao enviado especial da ONU a Mianmar, Ibrahim Gambari, que deixou o país
na última terça-feira.
Apesar do convite, a visita,
segundo o secretário-geral da
ONU, Ban Ki-moon, fracassou.
Ban disse que a viagem de
Gambari, que levou "a mais forte mensagem" à junta militar,
"não foi um sucesso". "Vamos
discutir hoje com os membros
do Conselho de Segurança da
ONU que ações adotar."
A violência em Mianmar foi
deflagrada depois que o movimento opositor chegou a reunir
100 mil manifestantes em marchas antigoverno. Os protestos
foram iniciados em 19 de agosto, estimulados por aumentos
de preços de combustíveis, mas
rapidamente se tornaram pró-democracia. Os birmaneses
-40% dos quais vivem com
menos de US$ 1 por dia- se revoltaram contra o governo ditatorial, no poder desde 1962.
Estados Unidos
Até ontem, a única resposta
pública aos protestos contra a
ditadura havia sido a dura repressão aos manifestantes, que
levou à morte de dez pessoas e à
prisão de 2.093 -segundo dados do governo. Para grupos
dissidentes, mais de 6.000 pessoas foram detidas e 200 morreram.
A junta militar também convidou para uma reunião hoje
um representante dos Estados
Unidos -um dos principais defensores de sanções contra
Mianmar- na capital do país,
Naypyidaw, em mais uma tentativa de mostrar flexibilidade.
As ações, vistas com ceticismo pela maior parte da comunidade internacional, foram
elogiadas pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Liu Jinchao. "A situação se acalmou nos últimos
dias. Isso é resultado dos esforços conjuntos das partes relevantes em Mianmar e da comunidade internacional", afirmou
o porta-voz. Pequim continuamente se opôs à aplicação de
sanções contra Mianmar no
âmbito do Conselho de Segurança da ONU.
Os resultados modestos das
negociações com a junta birmanesa foram divulgados ao lado
de novas notícias sobre mortes
de opositores e contínuas prisões de dissidentes -muitas
das quais realizadas no meio da
noite por agentes de segurança
do Exército de Mianmar.
Ex-detidos relataram que,
nas prisões, foram divididos em
categorias: os que participaram
ativamente nos protestos, os
que apoiaram os manifestantes
e os que apenas passaram pelas
marchas -e que as punições
eram correspondentes ao grau
de dissidência. O governo disse
que já libertou 692 pessoas
-entre elas uma funcionária
local da ONU.
Com agências internacionais
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