São Paulo, domingo, 05 de outubro de 2008

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Conserto de hidrelétrica sofre atraso

Previsão inicial era de que a hidrelétrica construída por empresa brasileira voltaria a funcionar ontem

Novo prazo é para meados deste mês; governo de Quito mantém decreto que impede dois funcionários da Odebrecht de sair do país

DE CARACAS

Paralisada desde junho, a usina hidrelétrica de San Francisco, construída pela empresa brasileira Odebrechet no Equador, só deve entrar em funcionamento entre os dias 18 e 20 deste mês, informou Ítalo Centanaro, o presidente da Hidropastaza, controladora equatoriana da hidrelétrica.
O atraso nos reparos -a previsão era de que as obras fossem concluídas ontem- deve adiar a revogação do decreto presidencial que arrestou os bens da Odebrecht e mantém dois de seus funcionários impedidos de deixar o Equador.
A usina foi inaugurada há 14 meses, mas deixou de produzir devido ao desgaste prematuro das rodas d'água das turbinas e do desabamento parcial do túnel por onde passa a água. O governo equatoriano aponta suposta má qualidade na obra; a Odebrecht diz que os problemas foram causados pela erupção de um vulcão, que lançou dejetos na água.
Responsável pelas obras de reparação, a Odebrecht argumenta que o decreto emitido há 12 dias dificultou os trabalhos na usina. Desde 23 de setembro, as instalações da empresa estão militarizadas, e dois de seus diretores, Fernando Bessa e Eduardo Gedeon, permanecem refugiados na residência da Embaixada do Brasil em Quito, após terem seus direitos constitucionais cassados.
Assinado pelo presidente Rafael Correa, o decreto, que ainda interveio em outros quatro projetos da Odebrecht no país, afirma que a paralisação da usina provocou uma situação de "emergência" ao colocar o país sob o risco de apagões.
Em declarações ao jornal "El Comercio", Ítalo Centanaro, que preside a empresa controladora da San Francisco, afirma que a usina gerará inicialmente 212 dos 230 MW, sua capacidade máxima. A central responde por 12% da produção elétrica do Equador.
Na quarta-feira, a Odebrecht confirmou ter aceitado os pontos exigidos pelo governo Correa, que envolvem o depósito de garantia de US$ 43,8 milhões vinculado à contratação de uma auditoria internacional para apurar responsabilidades pela paralisação da usina. A empresa também assumiu os custos do conserto, estimados em US$25 milhões.
Mesmo com o acordo, Correa disse que continua disposto a expulsar a Odebrecht do país. "Estamos analisando as questões técnicas, jurídicas e econômicas, mas a princípio a minha vontade é que não voltem", disse na quarta-feira à Folha.
(FABIANO MAISONNAVE)


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