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SUCESSÃO NOS EUA/ ECOS DOS ANOS 60
Rivais exploram vínculo de Obama com ex-radical
Relação com Bill Ayers é subestimada por candidato e amplificada por conservadores
Fundador de grupo que promoveu atentados, Ayers é professor de educação em Chicago e trabalhou em ONG com o democrata
SCOTT SHANE
DO "NEW YORK TIMES", EM CHICAGO
Numa reunião de militantes
contra a Guerra do Vietnã em
1969, no Coliseu de Chicago,
Bill Ayers ajudou a fundar a organização radical Weathermen, lançando campanha de
atentados a bomba que iria alvejar o Pentágono e o Capitólio.
Vinte e seis anos mais tarde,
Barack Obama conheceu
Ayers, já professor universitário de educação, num almoço e
reunião sobre reforma escolar
num arranha-céu de Chicago.
Desde então, os caminhos dos
dois se cruzaram esporadicamente: num café promovido
por Ayers para a primeira candidatura de Obama a um cargo
público; no projeto das escolas;
no conselho de direção de uma
organização beneficente e em
encontros casuais em Hyde
Park, onde ambos residem.
O relacionamento entre eles
virou alvo da atenção de adversários de Obama, candidato democrata à Presidência. Videoclipes difundidos no YouTube
justapõem o rosto de Obama
com o de Ayers quando jovem
ou com imagens dos atentados.
Em entrevista na primavera
passada, o rival republicano de
Obama, senador John McCain,
perguntou: "Como você pode
tolerar alguém que participou
de atentados a bomba que poderiam ter matado pessoas inocentes ou as mataram?"
Conservadores que acusam
Obama de ter uma agenda radical oculta passaram a afirmar
que ele agiu de maneira enganosa ao minimizar seu relacionamento com Ayers, descrito
pelo candidato como apenas
"um sujeito que vive em meu
bairro" e "alguém que conheço
que trabalhou com questões de
educação em Chicago".
[Em campanha ontem no Estado do Colorado, a candidata a
vice de McCain, Sarah Palin,
acusou Obama de "andar por aí
com terroristas".]
Uma revisão dos históricos
do projeto escolar e entrevistas
com uma dúzia de pessoas que
conhecem Obama e Ayers sugerem que Obama, 47, retratou
seus contatos com Ayers, 63,
como tendo sido menos importantes do que foram de fato.
Mas nada indica que os dois tenham tido uma associação estreita. E Obama descreveu
Ayers como "alguém que praticou atos odiosos 40 anos atrás,
quando eu tinha 8 anos".
Assessores da campanha de
Obama dizem que seu relacionamento com Ayers vem sendo
exagerado por seus adversários. O porta-voz Ben LaBolt
disse que Ayers e o democrata
se conheceram em 1995 por
meio do projeto educacional, o
Desafio Chicago Annenberg, e
desde então toparam um com o
outro ocasionalmente na vida
pública e no bairro em que vivem. Segundo ele, os dois não
falaram ao telefone nem trocaram e-mails desde que Obama
entrou para o Senado, em 2005.
Em Chicago, Ayers já foi em
grande medida reabilitado. As
acusações federais de provocar
tumulto e participar de conspirações para explodir bombas
foram arquivadas em 1974 devido a grampos telefônicos ilegais e outros erros da Promotoria. Após anos na clandestinidade, ele foi recebido de volta
por sua família. Seu pai, Thomas G. Ayers, foi executivo da
empresa de eletricidade local
Commonwealth Edison.
Desde que conquistou um
doutorado em educação em
Columbia, em 1987, Ayers é
professor na Universidade do
Illinois. "Ele já fez muito bem
nesta cidade e em nível nacional", disse o prefeito Richard
M. Daley, que há anos consulta
Ayers sobre questões do ensino. Daley disse que vê os atentados a bomba daquela época
no contexto de uma era turbulenta. "As pessoas cometem erros. Julga-se uma pessoa por
sua vida inteira", disse.
Essa atitude é largamente
compartilhada em Chicago,
mas não é universal. O colunista do "Chicago Tribune" Steve
Chapman criticou Obama por
ter contatos com Ayers. "Acho
que atentados terroristas não
prescrevem", disse, falando não
das implicações legais, mas políticas e morais dos atos. "Se
McCain tivesse uma relação de
anos com alguém que tivesse
explodido bombas em clínicas
de aborto, acho que as pessoas
não diriam "tudo bem, isso é
história antiga"."
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